(Na Foto: Francisco Cândido Xavier - 02/04/1910 - 30/06/2002). Deixou-nos cerca de 420 Obras Psicografadas. Um de seus Guias Espirituais: EMMANUEL, foi, há 500 anos, o nosso histórico Padre Jesuíta Manoel da Nóbrega, fundador da cidade de São Paulo-Brasil.
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"NA GLÓRIA DO NATAL
Senhor rei divino projectado às sombras da manjedoura, diante do teu berço de palha, recordo-me de todos os conquistadores que te antecederam na Terra.
Em rápida digressão, vejo Sesóstris, em seu carro triunfal, pisando escravos e vencidos, em nome do Egipto sábio, e Cambises, o rei dos persas, ocupando o vale do Nilo, antes poderoso e dominador.
Recordo as lutas sangrentas dos assírios, disputando a hegemonia do seu império dividido e infeliz.
Nabopolassar e Nabucodonosor reaparecem à minha frente, arrasando Nínive e atacando Jerusalém, cercados de súbditos que se banqueteavam sobre presas misérrimas para desaparecerem, depois, num sudário de cinza.
Não observo, contudo, apenas o gentio, na pilhagem e na discórdia, expandindo a própria ambição; o povo escolhido, apesar dos desígnios celestes que lhes fulguram na Lei, entrega-se, de quando em quando, à sementeira de miséria e ruína; revoluções e conflitos ceifam as doze tribos e o orgulho desvairado, compele irmãos ao extermínio de irmãos.
Revejo os medas, açoitados pelos cimerianos e citas.
Dário surge, ao meu olhar assombrado, envolvido nos esplendores de Persépolis para se mergulhar, em seguida, nos labirintos do túmulo.
Esparta e Atenas, entre códigos e espadas, estraçalham-se mutuamente, no impulso de predomínio; numerosos tiranos, dentro de seus muros, manobram o ceptro da governança, fomentando a humilhação e o luto.
Alexandre, à maneira de privilegiado, passa esmagando cidades e multidões, deixando um cortejo de lágrimas, atrás da fanfarra guerreira que lhe abre caminho à morte, em plena mocidade.
E os romanos, Senhor? Desde as alucinações dos descendentes de Príamo ao último dos imperadores, deposto por Odoacro, jamais esconderam a vocação do poder, arrojando povos livres ao despenhadeiro da destruição...
Todos os conquistadores vieram e dominaram, surgindo na condição de pirilampos barulhentos, confundidos, à pressa, num turbilhão de desencanto e poeira. Tu, porém, Soberano Senhor, Te contentaste com o berço da estrebaria!
Ministros e sábios não te contemplaram, na hora primeira, mas humildes pastores se ajoelharam, sorridentes, diante de Ti, buscando a luz de Teus olhos angelicais...
Hinos de guerra não se fizeram ouvir à tua chegada libertadora; todavia, em sinal de reconhecimento, cânticos abençoados de louvor subiram ao Céu, dos corações singelos que te exaltavam a Estrela Gloriosa, a resplandecer nos constelados caminhos.
Os outros, Senhor, conquistaram à custa de punhal e veneno, perseguição e força, usando exércitos e prisões, assassínio e tortura, traição e vingança, aviltamento e escravidão, títulos fantasiosos e arcas de ouro...
Tu, entretanto, perdoando e amando, levantando e curando, modificaste a obra de todos os déspotas e legisladores que procediam do Egipto e da Assíria, da Judéia e da Fenícia, da Grécia e de Roma, renovando o mundo inteiro.
Não mobilizaste soldados, mas ensinaste a um punhado de homens valorosos a luminosa ciência do sacrifício e do amor. Não argumentaste com os reis e com os filósofos; no entanto, conversaste fraternalmente com algumas crianças e mulheres humildes, semeando a compreensão superior da vida no coração popular...
E por fim, Mestre, longe de escolheres um trono de púrpura a fim de administrares o Reino Divino de que te fizeste embaixador e ordenador, preferiste o sólio da cruz, de cujos braços duros e tristes ainda nos envias compassivo olhar, convidando-nos à caridade e à harmonia, ao entendimento e ao perdão...
Conquistador das almas e governador do mundo, agora que os teus tutelados afiam as armas para novos duelos sangrentos, neste século de esplendores e trevas, de renovação e morticínio, de esperanças e desilusões, ajuda-nos a dobrar a cerviz orgulhosa, diante do teu singelo berço de palha!...
Mestre da Verdade e do Bem, da Humildade e do Amor, permite que o astro sublime de teu Natal brilhe, ainda, na noite de nossas almas e estende-nos caridosas mãos para que nos livremos de velhas feridas, marchando ao teu encontro na verdadeira senda de redenção.
In PONTOS E CONTOS (Francisco Cândido Xavier/Irmão X)
segunda-feira, agosto 29, 2005
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