terça-feira, agosto 30, 2005

ANO NOVO

Quando o desvelado orientador chegou ao Planeta, encaminhando o aprendiz à experiência nova, o lar estava em festa, na celebração do Ano Novo.

Músicas alegres embalavam a casa, flores festivas enfeitavam a mesa lauta. Riam-se os jovens e as crianças, enquanto os velhos bebiam vinhos de júbilo.

O devotado amigo abraçou o tutelado e falou:
Nova existência, meu filho, é qual Ano Novo. Enche-se o coração das esperanças mais belas.


Troca-se o passado pelo presente. Rejubila-se a alma na oportunidade bendita. Promessas divinas florescem no coração.

O tempo é o tesouro infinito que o Criador concede às criaturas. Não esqueças, todavia, a concessão de um tesouro é título de confiança e toda confiança traduz responsabilidade. Tanto prejudica a obra de Deus o avarento que restringe circulação dos valores, como o perdulário que os dissipa, olvidando obrigações sagradas.

O tempo, desse modo, é benfeitor carinhoso e credor imparcial simultaneamente. Na Terra a maioria dos homens não chegou ainda a compreendê-lo.

Os ignorantes perdem-no.
Os loucos matam-no.
Os maus envenenam-no.
Os indiferentes zombam dele.
Os vaidosos confundem-no.
Os velhacos enganam-no.
Os criminosos perturbam-no.
Riem-se dele os pândegos.
Os mentirosos ridicularizam-no.
Os tolos esquecem-no.
Os ociosos combatem-no.
Os tiranos abusam dele.
Os irónicos menosprezam-no.
Os arbitrários dominam-no.
Os revoltados acusam-no.
Aproveitam-no os trabalhadores fiéis.


O tempo, contudo, meu filho, pertence ao Senhor e ninguém pode subverter a ordem de Deus.
É por isso que, ao fim da existência, cada um recebe conforme usou o divino património.


Vale-te, pois, da oportunidade nova, sem olvidares o dever, convicto de que ninguém falará ou agirá no mundo, em vão.

O homem precipita-se. O tempo espera. O primeiro experimenta. O segundo determina.
Se atingiste a alegria de recomeçar, alcançarás, igualmente, o dia de acertar.


Lembra-te de que o tempo ensinará aos ignorantes.

Anulará os loucos.
Envenenará os maus.
Zombará dos indiferentes.
Confundirá os vaidosos.
Esclarecerá os velhacos.
Perturbará os criminosos.
Surpreenderá os pândegos.
Ridiculizará os mentirosos.
Corrigirá os tolos.
Combaterá os ociosos.
Ferirá os tiranos.
Menosprezará os irónicos.
Prenderá os arbitrários.
Acusará os revoltados.
Compensará os trabalhadores fiéis.
Calou-se o venerável ancião.


Havia risos à mesa doméstica, expectativa no candidato à reencarnação, sorrisos paternais no velhinho experiente.

O sábio abraçou novamente o discípulo e despediu-se rematando:
Não te esqueças de que o tempo é generoso nas concessões e justo nas contas. Vai, porém, meu filho, e não temas.


Nesse instante, à maneira do homem, cheio de esperanças, que penetra o Ano Novo, o aprendiz reingressou na onda do nascimento.

In PONTOS E CONTOS (Francisco Cândido Xavier/Irmão X)

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