terça-feira, setembro 18, 2012


Carta 2

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CARTAS DE CRISTO


Traduzido por Almenara Editorial.

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Carta 2

Eu sou o CRISTO.

Enquanto actuo desde as mais altas esferas da CONSCIÊNCIA CRIATIVA DIVINA, a minha influência envolve o vosso mundo. 

Usando uma metáfora: estou tão distante em “consciência” do vosso mundo quanto o Sol está da Terra. Entretanto, se me chamar com sinceridade, estarei tão perto quanto for necessário para o ajudar.

Haverá muitos que não poderão receber estas CARTAS. Esses ainda não estão prontos para elas. 

Haverá aqueles que tentarão abafar a sua existência, uma vez que os ensinamentos que contêm serão uma ameaça para o seu sustento ou religião. Eles não terão êxito. A oposição apenas reforçará estas CARTAS. 

Haverá aqueles que receberão estas CARTAS com alegria, uma vez que as suas almas sabem que mais além das religiões do mundo encontra-se a VERDADE – a REALIDADE da existência. Estes prosperarão e finalmente salvarão o mundo da auto-destruição.

Agora continuarei a minha “autobiografia” do ponto onde parei na minha última CARTA. Meu propósito, ao dar-lhe alguns detalhes biográficos de minha entrada na vida pública como mestre e curador, é evidenciar as atitudes e comportamentos da minha juventude, assim como as circunstâncias em que alcancei o meu próprio estado de humanidade espiritualizada. 

É importante que você possa visualizar como era a Palestina na época em que estive na Terra e perceber claramente os conflitos internos que os meus ensinamentos despertaram nas pessoas doutrinadas na crença Judaica e nos ritos tradicionais. Esses conflitos foram o ponto central que incapacitou os evangelistas de registarem, com precisão, tudo aquilo que eu tentei ensinar.

Nos evangelhos são frequentes as referências às minhas parábolas que descrevem a realidade do Reino dos Céus ou Reino de Deus, seja qual for o termo que os evangelistas tenham utilizado. Porém, em nenhum lugar foi feita uma tentativa para aprofundar o sentido das palavras em si, para explorar as figuras de linguagem, ou para chegar ao significado espiritual do Reino de Deus ou do Reino dos Céus.

À medida que eu falar sobre os verdadeiros sermões que dei às pessoas, à luz das minhas experiências no deserto e do seu próprio conhecimento dos factos científicos, você será capaz de entender pelo menos um pouco daquilo que eu tentei ensinar naquele tempo.

Uma vez que o meu sucesso foi muito limitado, é imperativo que outra tentativa seja feita no começo desta nova era, deste milénio, pois é com o espiritual, privilegiado e iluminado, que será fundada e se desenvolverá a próxima era.

Foi – e ainda é – essencial que um Mestre como eu e como outros que existiram, muito sensíveis e totalmente comprometidos mental e emocionalmente com a busca da Verdade da Existência, venham à Terra Cunhar Palavras para descrever para a humanidade, aprisionada em palavras, aquilo que reside na DIMENSÃO CRIATIVA UNIVERSAL num estado não definido. Se não fosse por tais Mestres inspirados, as pessoas na Terra permaneceriam na ignorância a respeito de tudo o que há além da Terra – pronto para ser contactado e pessoalmente experimentado e absorvido, para promover a futura evolução espiritual.

E ainda mais: diz-se que a Bíblia é o livro mais amplamente lida no mundo. Na sua forma presente ela serviu aos seus propósitos. O Novo Testamento, da forma como está, com toda a carga de interpretações erróneas, é um impedimento para a evolução espiritual.

Agora é tempo de avançar para uma nova esfera de percepção e compreensão mística. Uma vez que me é impossível descer novamente a um corpo humano para falar ao mundo, além de ter outras dimensões nas quais ensino, treinei uma alma sensível para receber e transcrever. É o melhor que posso fazer para falar pessoalmente consigo. Espero que possa receber e aceitar isto. Tudo aquilo que for erróneo será apagado. Esteja certo disso!

Os incidentes e as curas relatados nas páginas que se seguem não são importantes. Eles aconteceram, mas são contados apenas para que possa entender o seu verdadeiro significado espiritual. À medida que for lendo, quero que relacione as condições de dois mil anos atrás com a sua vida e tempo presentes. Quero que considere a pessoa de “Jesus” como um “ícone” do que finalmente pode vir a ser alcançado por todo o ser humano que estiver pronto e disposto a converter-se num membro fundador do “Reino do Céu” na Terra. Ainda que as pessoas do seu mundo sejam o que você chama de sofisticadas e cheias de importância, com os seus modernos “conhecimentos e ensinamentos”, versados nos costumes contemporâneos e nas novas formas de se relacionarem uns com os outros, as pessoas daquele tempo eram basicamente iguais a si.

Eram controladas e motivadas inteiramente pelos seus IMPULSOS GÉMEOS de Ligação – Rejeição Desejos – Repulsões assim como você. 

Elas amavam, odiavam, criticavam, condenavam, caluniavam e intrigavam, tinham ambições de chegar ao topo da sociedade, desprezavam aqueles que fracassavam na vida, secretamente eram promíscuas, e insultavam aqueles que de alguma forma eram diferentes delas.

Para o ajudar a compreender e a entrar plenamente naquele tempo em que estive na Terra, a minha “consciência” desceu até ao seu plano de existência terrena para experimentar mais uma vez a “pessoa” de “Jesus”, as emoções e os acontecimentos nos quais estive envolvido. 

Quando saí do deserto e pus o pé na estrada em direcção à minha aldeia de Nazaré, ainda estava exultante, exuberantemente feliz com o conhecimento tão gloriosamente revelado a mim no deserto. Fixei completamente os meus pensamentos em tudo o que havia aprendido e, se os meus pensamentos se perdiam nas minhas antigas formas negativas de pensar, rapidamente me voltava para o “Pai” para receber inspiração e determinação para os superar. Desta forma, eu voltava constantemente à Luz da consciência e do entendimento. Algumas pessoas olhavam-me com desconfiança, vendo a minha alegria e também a minha aparência suja e descuidada. Será que eu estava bêbado? – Perguntavam-se. Outros olhavam-me com aversão. Ao invés de reagir com raiva, como fazia no passado, eu lembrava que havia sido abençoado com visões e conhecimento que eles não podiam nem imaginar. Abençoei-os, rezei para que a sua visão interior se abrisse de maneira semelhante e continuei em paz o caminho até à minha casa.

Entretanto, alguns aldeões olharam com compaixão para meu lamentável aspecto e correram para suas casas para me buscar pão e mesmo vinho, para me ajudar a continuar o caminho. Havia sempre alguém que me oferecia abrigo para a noite. O “Pai Vida” de facto supriu todas as minhas necessidades e deu-me toda a protecção necessária.

Durante todo esse tempo, eu não disse nem uma palavra a respeito das minhas semanas no deserto. Sentia que ainda não era o momento. Por fim cheguei à minha aldeia, Nazaré, e o povo caçoou abertamente de mim, apontando o meu aspecto imundo e minha roupa rasgada. “Vagabundo, preguiçoso, sujo”, foram algumas das palavras mais amáveis que me lançaram.

Cheguei à porta de minha mãe com um sentimento de pavor, pois eu sabia que ela ficaria mais chocada do que os seus vizinhos ao ver-me diante dela: magro, mostrando os ossos sob a pele, os olhos fundos, as bochechas vazias, a face queimada, os lábios rachados do sol, a barba longa e embaraçada. E a roupa! Ficaria furiosa ao ver a minha roupa – sua cor original totalmente irreconhecível pelo pó do deserto e o tecido desfeito e rasgado. Subi os degraus e preparei-me para aguentar a fúria de minha mãe. Quando chamei, minha irmã veio à porta. Olhou-me boquiaberta, assustada e com os olhos arregalados e bateu-me a porta na cara. Ouvi-a correr para os fundos da casa, gritando:

— Mãe! Venha depressa, há um homem velho e sujo na porta.

Escutei a minha mãe a resmungar irritada para si mesma, enquanto corria para a porta.

Abriu-a de repente e ficou paralisada pelo choque. Eu sorri por um momento, ela olhou-me de cima a baixo cada vez mais horrorizada ao dar-se conta de que o homem de terrível aspecto era de facto seu filho rebelde, Jesus.

Estendi minha mão para ela, dizendo:

— Sei que lhe causo pena, mas… pode ajudar-me?

Imediatamente sua expressão mudou e, levando-me para dentro, trancou a porta.

— Depressa! Disse para a minha irmã assustada. Deixa de escândalo e põe água a ferver. Seu irmão está morto de fome. Não importa em que confusão se meteu, ele é da família. Temos que cuidar dele.

Suavemente ajudou-me a tirar a roupa, inclinou-me sobre um grande recipiente de água e esfregou-me até ficar limpo. Lavou-me, cortou o meu cabelo e barba e cuidadosamente cobriu as feridas do meu corpo e lábios com uma pomada cicatrizante.

Nenhum de nós quebrou o silêncio. Saboreei o amor que ela me ofereceu e tentei demonstrar a minha gratidão com uma atitude mais doce e sensível.

Depois de me vestir uma túnica limpa, serviu-me uma refeição frugal de pão, leite e mel. Relutante, deu-me vinho para recuperar as forças, embora estivesse claro que ela pensava que era o vinho a grande causa de minha terrível situação. Então conduziu-me até à cama e cobriu-me. Dormi por várias horas e acordei revigorado pela luminosa manhã de sol que se via pela janela.

Eu agora estava ansioso para falar com a minha mãe e dizer-lhe que eu era de facto um Messias, mas não daquele tipo que imaginava o povo Judeu. Eu podia salvar as pessoas das más consequências de seus “pecados”. Podia ajudá-las a encontrar saúde, abundância, a satisfação de suas necessidades, porque agora podia ensiná-las exactamente como havia sido criado o mundo.

Assim que comecei a falar, ela começou a ficar encantada e animada. Pulou de pé e quis sair a correr para contar aos vizinhos que seu filho era realmente o Messias – deveriam ouvir a maneira como ele falava – e ele havia jejuado no deserto!

Mas eu a impedi de fazer isso. Eu disse que ainda não havia contado a ela o que me fora revelado. Uma das coisas mais importantes que havia aprendido era que os Judeus Ortodoxos estavam completamente equivocados a respeito das suas crenças num “Deus” vingativo. Não havia tal coisa! Isso a deixou contrariada e desconcertada, então exclamou: Como, então, Jeová vai governar o mundo e tornar-nos bons e fazer-nos escutar os seus profetas, se não nos castigar?

Agora ficou tão importante que pode ensinar aos Sumos-Sacerdotes o seu próprio trabalho, que foi transmitido a eles desde o tempo de Moisés? Vai trazer ainda mais vergonha para esta casa? Ela começou a chorar e disse com raiva: Você em nada mudou! Somente mudaram a coisa que diz. Só me trouxe dor! Como pude acreditar que você seria um Messias?

Com as suas ideias estranhas só levará o nosso povo a maior tormento do que nunca!

Meus irmãos a ouviram em prantos e vieram correndo, querendo colocar-me para fora de casa. Ofereci sair pacificamente, porque não queria mais alvoroço. Se essa era a forma de minha mãe reagir, eu poderia estar certo de que os demais também reagiriam da mesma forma ao que eu tinha para dizer. Percebi que precisava de paz de espírito, descanso absoluto e silêncio para colocar em ordem meus pensamentos e experiências.

Teria que rezar e pedir inspiração para saber a melhor maneira de abordar os Judeus com a minha mensagem de “boas-novas”. Estava certo de que o “Pai Vida” atenderia a minha necessidade e que eu encontraria a acomodação mais conveniente em algum lugar. Minha mãe, embora furiosa com a minha atitude de “grande cabeça-dura”, estava atormentada por seus sentimentos de amor e compaixão por mim, devido ao estado deplorável em que me encontrava. Ela rejeitou tudo o que eu parecia representar – a rebeldia, o desprezo pela religião judaica, as atitudes contestadoras em relação à autoridade, o meu carácter voluntarioso e arrogante. Mas ela ainda me amava e estava profundamente preocupada por me ver envolvido em problemas tão grandes quanto jamais havia pensado ser possível.

Ela chamou a atenção de meus irmãos dizendo que calassem a barulhenta discussão e virou-se para mim:

— Pode ficar aqui até que esteja melhor – disse ela.

— Talvez enquanto estiver por aqui, eu possa trazer bom senso para si. Posso dizer que se sair às ruas a falar da forma como o fez comigo, terminará numa situação ainda pior do que agora. Pessoas boas vão cuspir e jogar seu lixo podre sobre si. Você é uma desgraça para esta família.

Apesar de toda a sua raiva, ri e agradeci, beijando-a calorosamente. Fiquei contente, sabendo muito bem que, por trás de toda aquela raiva, ela estava profundamente preocupada comigo. Alimentou-me bem e confeccionou-me boas roupas novas. Agradeci por tudo o que ela fez para melhorar a minha aparência, porque sabia que para me mover livremente entre os ricos e pobres deveria estar com roupas decentes e adequadas. Às vezes havia escassez de alimentos em casa. Recorrendo ao poder do “Pai”, eu a reabastecia sem dizer nada. Ela também não disse nada. Eu sabia que ela se perguntava, com tristeza, se além de todos os meus péssimos hábitos eu agora também era ladrão.

Então pegou-me com um pão recém-saído do forno nas mãos. Ela sabia que eu não havia saído de casa para o comprar e também que o forno não havia sido usado naquele dia.

Não me disse nada, mas olhou-me de forma reflexiva. Eu pude ver então as suas atitudes a mudar. Ela já não estava mais tão certa de si. Ela começava a questionar a sua própria atitude em relação a mim e também a verdade acerca das minhas afirmações: “O que realmente aconteceu com ele no deserto? Como é que ele poderia fazer um pão sem usar o fogo, a farinha e o fermento? O que é que isso significa? É ele o Messias”?

Então meu irmão feriu a sua mão. Ele sentiu muita dor quando o ferimento infeccionou. Permitiu-me colocar minhas mãos na sua ferida e fazer uma oração em silêncio. Eu podia ver que ele sentia o fluxo do “Poder” a entrar na sua mão, porque ele olhou-me de forma estranha. “A dor foi embora” – disse brevemente. Estava mal-humorado quando se afastou. E eu sabia que ainda que tivesse sentido alívio da dor, não havia gostado de que eu fosse capaz de o ajudar. Senti o seu ciúme.

Minha irmã havia queimado a sua mão e outro irmão muitas vezes queixava-se de fortes dores de cabeça. Fui capaz de curar os dois. Meus irmãos começaram a caçoar a respeito dos meus “poderes mágicos”. Perguntavam-se que mal lhes poderia eu fazer, se me irritassem. A tensão em casa aumentou e senti a tristeza de minha mãe, que ansiava pela paz no lar. Mas ela viu mudanças no meu comportamento e sentiu-se reconfortada.

Eu estava mais tranquilo, visivelmente controlava as minhas prováveis explosões, continha a minha energia, refreava a minha impaciência e já não discutia mais. Tornei-me mais atencioso, ouvindo as suas queixas de mulher, ajudando-a em casa, consertando os móveis quebrados, caminhando pelas colinas até fazendas distantes para encontrar as frutas e verduras que ela queria. Cheguei a amá-la com ternura e compaixão, como uma mãe deve ser amada.

Um dia ela aventurou-se a perguntar-me:

— Você ainda acredita que Jeová seja um mito?

— Jó disse que se Jeová retirasse a sua respiração, toda a carne viria abaixo. Este é o “Jeová” que vi e em quem acredito.

— Ninguém viu a Jeová! – Disse ela com firmeza.

— Eu vi AQUELE que criou todas as coisas – respondi calmamente. Eu O chamo de “Pai” porque ELE é Amor-perfeito; um AMOR mais perfeito que o de uma mãe – acrescentei, sorrindo para ela. ELE trabalha dentro, através e para toda a SUA criação. É o “Pai” em mim quem tem trazido as coisas de que você necessita em casa e que curou aos meus irmãos e irmãs tão rapidamente.

Eu podia ver que ela estava a começar a entender um pouco do que eu dizia.

— E o que é o “castigo”? Perguntou-me.

— Não existe “castigo” da forma como o compreendemos. Nascemos para nos comportarmos da forma como o fazemos. Temos que encontrar uma maneira de superar os nossos pensamentos e sentimentos humanos, porque estes separam-nos da protecção do “PAI” e trazem-nos as doenças e a miséria. Quando tivermos aprendido a superar o “eu”, então entraremos no Reino dos Céus.

Minha mãe afastou-se silenciosa, a ponderar claramente sobre o que eu dissera, mas não mais com raiva. Eu sabia que ela estava a meditar sobre as minhas afirmações e percebi que eu estava a colocar de cabeça para baixo o seu seguro e bem conhecido mundo. Ela sentia-se perdida e insegura sem a sua crença num Jeová ameaçador e terrivelmente vingativo, se a humanidade fosse indisciplinada. Perguntava-se no que o mundo se iria tornar se dependesse inteiramente dos homens o controle das suas maldades e a dos outros. Mesmo os Reis e governantes eram malvados nas suas acções. Sem Jeová para reinar e castigar os pecadores, onde iríamos parar?

Enquanto eu restabelecia as minhas forças, estudei as Escrituras cuidadosamente, para que pudesse encontrar-me com os Fariseus e Escribas de forma confiante. Também era absolutamente necessário que eu soubesse o que havia sido escrito a respeito do Messias porque estava convencido de que eu era “aquele” sobre quem os profetas haviam falado. Restaurar-lhes a saúde e a prosperidade, ensinando a verdade a respeito do Reino dos Céus e a Realidade do “Pai”.

Quando me senti suficientemente preparado para sair a ensinar e curar, para agradar a minha mãe concordei em ir num sábado à sinagoga de Nazaré e falar para a congregação.

Como era o costume, levantei-me e foi-me entregue o livro de Isaías para ler. Escolhi a passagem que profetizava a vinda do Messias que viria libertar o povo Judeu de todo tipo de escravidão.

 “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor ungiu-me para pregar as boas-novas aos pobres.

Ele me enviou para anunciar a libertação aos encarcerados e a recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos, para proclamar o ano da graça do Senhor.”

Então sentei-me dizendo: 

— Hoje, vós vedes esta profecia cumprir-se em mim.

Isto produziu choque e espanto no rosto dos homens, que me olhavam atónitos, mas eu continuei falando, sabendo que o “Pai” me diria o que falar. As palavras vieram sem hesitação. 

Falei de minha experiência no deserto e relatei a visão do bebé a crescer até à idade adulta, sendo envolvido inconscientemente em correntes e ataduras mentais e assim ficando cego e aprisionado na escuridão interior, fechando-se para Deus. Expliquei que ao fazer isso, eles expunham-se à opressão de conquistadores, escravidão, pobreza e doenças.

Porque Deus é LUZ – eu disse. E LUZ é a substância de todas as coisas visíveis. E LUZ é o AMOR que faz todas as coisas para que o homem desfrute delas. Todas as bênçãos de abundância e saúde foram livremente disponibilizadas para aquele que amar a Deus com a mente, o coração e a alma e que viver estritamente segundo as Leis de Deus. 

Quando terminei, houve um completo silêncio na sinagoga. Senti que a congregação havia experimentado algo estranho, poderoso e que tinha sido elevada a um plano superior do pensamento. Desejei que nada interrompesse a tranquilidade transcendente daquele momento.

Em seguida, começaram a sussurrar entre si. Eles perguntavam-se quem eu era!

Alguns estavam convencidos de que eu era Jesus, a pessoa cuja família era bem conhecida na aldeia, mas outros não podiam aceitar aquilo, uma vez que eu havia falado como alguém que tinha autoridade.

Infelizmente, senti ressurgir as minhas antigas reacções para com aqueles homens religiosos. Sabia que me tinham desprezado no passado, de forma que esperava por essa rejeição. Voltei às antigas atitudes desafiadoras e isso enfureceu-os por completo. Pelas minhas próprias reacções humanas, atraí o desastre. E este quase aconteceu.

Os mais jovens, instigados pelos mais velhos, correram até mim e arrastaram-me para o topo mais alto do penhasco a fim de me lançarem à morte, mas orei ao “Pai” para que me salvasse. De repente, ficaram tão alterados que mal sabiam o que faziam, voltaram-se uns contra os outros, e então pude sair do meio deles e escapar. Foi estranho. Eles pareceram não notar a minha saída.

Muito abalado por esta experiência, consegui mandar uma mensagem para minha mãe, dizendo que estava a deixar Nazaré imediatamente e a ir para Cafarnaum, uma agradável cidade junto ao mar da Galileia. A princípio, pensei em juntar-me a antigos conhecidos, mas senti intuitivamente que isso não seria o correcto a fazer. De modo que durante todo o caminho, e ao entrar na cidade, pedi orientação e ajuda ao “Pai” para encontrar acomodações. Eu não tinha dinheiro e não pediria esmola.

Ao caminhar pela rua, uma mulher de meia-idade veio em minha direcção. Ela carregava pesados cestos e seu rosto estava triste. Parecia ter chorado. Num impulso abordei-a perguntando onde poderia encontrar alojamento. Ela disse brevemente que normalmente me ofereceria uma cama, mas que estava com seu filho muito doente em casa. Também disse que tinha ido comprar algumas provisões para alimentar os “consoladores” que se haviam reunido para chorar a morte iminente de seu filho. Meu coração afligiu-se por ela, mas também se alegrou. Prontamente tinha sido dirigido para alguém que eu poderia ajudar.

Expressei minha simpatia e ofereci-me para carregar suas cestas até a casa. Ela olhou-me por um momento, perguntando-se quem eu poderia ser, mas aparentemente ficou satisfeita com minha aparência e conduta. No caminho, disse-lhe que talvez eu pudesse ajudar o seu filho.

— Você é médico? – Perguntou-me.

Respondi que não havia recebido formação médica, mas que poderia ajudá-lo. Ao chegar à sua casa – de pedra, grande e bem construída, o que indicava boa situação social e prosperidade – levou-me até ao seu marido dizendo: “Este homem diz que pode ajudar o nosso filho.” Melancólico, o homem inclinou a cabeça e não disse nada. A mulher, que se chamava Miriam, afastou-me dizendo que ele estava aflito e muito zangado.

— O rapaz é o nosso único filho entre muitas filhas e ele culpa Deus pela doença do garoto. Miriam começou a chorar. Se ele fala assim contra Deus, que outros problemas cairão sobre nós? – Perguntou-me.

— Tranquilize-se, disse-lhe. Logo verá que seu filho ficará bem novamente.

Ela olhou-me com dúvidas, mas levou-me até ao quarto onde o rapaz estava. Fazia calor e o ambiente estava sufocante, cheio de gente, bem-intencionada e triste, a conversar. Pedi à mãe para esvaziar o quarto, mas os visitantes resistiram. Eles queriam ver o que aconteceria e somente saíram do quarto contrariados quando Miriam chamou seu marido para falar com eles. Podia escutá-los a discutir com o pai no quarto ao lado.

O que é que este homem achará que pode fazer, se o médico já havia declarado ser incapaz de ajudar o rapaz? O pai veio até ao quarto para ver por si mesmo.

Seu filho estava mortalmente pálido, com muita febre. A mãe explicou que ele não podia engolir a comida e que estava com o intestino solto. Ele havia estado assim por vários dias e tinha perdido muito peso. O médico disse que nada mais poderia ser feito.

Ele provavelmente morreria.

Coloquei as mãos sobre a cabeça do rapaz e rezei sabendo, e silenciosamente dando graças com todo o coração, que o “Pai” VIDA fluiria pelas minhas mãos para dentro de seu corpo. Desta forma o trabalho de cura realizar-se-ia. Senti um calor extremo e um formigamento nas minhas mãos e o Poder a verter para o seu frágil corpo. Fui inundado por uma alegre gratidão. Como era grandioso e maravilhoso o “Pai Vida”, quando liberado para fazer o seu trabalho natural de cura! Sua mãe e seu pai, olhando ansiosos para ver o que aconteceria a seguir, seguravam a mão um do outro e observavam com muita atenção. Quando eles viram a cor do seu filho mudar, do branco para um rubor mais sadio, exclamaram com espanto e alegria. Depois de algum tempo, o rapaz levantou seu olhar para mim, dizendo claramente:

— Agradeço, estou bem melhor agora. Estou faminto e quero algo para comer!

Sua mãe riu de felicidade e o abraçou apertado, mas estava um pouco apreensiva.

— Não lhe posso dar comida, filho meu. O médico ficaria zangado.

Ela havia sido avisada para não lhe dar comida, somente água. Eu sorri e disse:

— Ele está curado. Pode dar-lhe pão e vinho, que não lhe farão mal!

Seu pai, Zedekias, estava maravilhado de alegria e gratidão. Depois de abraçar o seu amado filho, voltou-se para mim e apertou minhas mãos calorosamente. Ficou dando tapinhas nos meus ombros enquanto balançava a sua cabeça, incapaz de falar devido às lágrimas que escorriam por sua face. Quando ele finalmente se recompôs, entrou no salão e falou às pessoas que lá estavam: 

— Meu filho, quase morto, recuperou a plenitude da vida novamente!

Suas palavras foram recebidas com gritos de alegria, entusiasmo, incredulidade, questionamentos, risadas e felicitações. A mãe do rapaz ficou parada, com um sorriso estampado na face.

Depois disso, não foi mais necessário buscar por acomodações. Quando Zedekias disse aos atónitos “consoladores” que o garoto estava curado e o próprio jovem apareceu na porta sorrindo e a pedir novamente por comida, todos os “consoladores” me rodearam e convidaram-me às suas casas. No entanto, preferi ficar com o pai do garoto, que agora dizia estar cheio de perguntas a fazer-me. Ele esperava que eu pudesse respondê-las.

Depois de colocar o vinho e a comida sobre a mesa, todos foram convidados a comer até se saciarem. Zedekias sentou-se e formulou a sua primeira pergunta. Ele disse: — Você fez algo que nenhum sacerdote ou médico poderia fazer. A cura vem somente de Deus. Embora seja um desconhecido, percebo que você deve vir de Deus.

— Sim, respondi. E as pessoas murmuraram assombradas.

— Esta doença que veio ao meu filho era um castigo por algo que eu tenha feito de errado no passado? E como eu poderia cometer um pecado tão grave que Deus quereria levar meu único filho? 

Muitas das pessoas que escutaram estas palavras acenaram com a cabeça.

— Você fez a pergunta que mais quero responder, Zedekias. Deus dá-nos a VIDA e a existência do ser. Ele não iria arrancá-la de nós como um homem arrancaria um tesouro de outro só porque está zangado com ele. Essa é a maneira como a humanidade se comporta, não Deus. E Deus não está sentado num trono em algum lugar do céu, como fazem os reis humanos que se sentam nos seus tronos e governam o seu povo. Essa é a maneira humana de proceder, uma crença humana – não a verdade. A maneira de proceder de Deus vai muito além do que a mente humana pode conceber ou sonhar. Somente eu “vi” “Aquele que nos trouxe a existência” e sei que ELE não é o tipo de “Deus” que os Rabinos ensinam. Vi que ELE é o “Perfeito Amor”, e por esta razão eu prefiro falar do “Pai”, pois eu vi que Ele trabalha dentro de cada ser vivo, mantendo-o num bom estado de saúde assim como um pai humano trabalha para manter os seus filhos bem alimentados, vestidos e protegidos dentro do abrigo de um lar. Eu O “vi” dentro de todas as coisas do mundo.

— Como pode ser isso? – Perguntou um homem duvidando.

— Não é possível para um “ser” individual, de qualquer tipo, estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Mas o ar está em todo o lugar ainda que não se possa ver. No entanto, sabemos – sem dúvida alguma – que ele é muito real e muito importante para a nossa existência. Se o ar não existisse e não pudéssemos respirá-lo, morreríamos. Não podemos ver o movimento do ar que chamamos de vento, mas vemos que ele agita as folhas e conduz as nuvens no céu. Por isso sabemos que o ar está acima de nós, ao nosso redor e que é forte. E agora pergunto: qual é a parte mais real e mais valiosa do homem – seu corpo ou sua mente?

Alguns respondiam que era o seu corpo, caso contrário não teriam lugar na terra, não poderiam trabalhar, não poderiam ser vistos, não seriam conhecidos. Outros diziam que a sua mente era mais importante do que seu corpo.

Ao que eu respondi:

— A mente é a parte mais importante do homem, uma vez que sem a sua mente ele não teria o comando do seu corpo. Ele não poderia comer, beber, dormir, mover-se, planear, não poderia viver. Contudo, não podemos ver a mente. Simplesmente sabem que temos uma mente por causa dos pensamentos que ela produz e porque os pensamentos elaboram algum tipo de acção nas nossas vidas. Acreditamos que a mente funciona por meio do cérebro. Sim, é assim que funciona! Senão como poderia o cérebro, que nasceu da carne, produzir pensamentos, sentimentos, ideias e planos? Agora deve estar a ficar claro para vós que é assim que o “Pai” está presente em todas as coisas; “Ele” é a mente que dirige a “mente” humana, fazendo o Seu grande trabalho dentro de cada ser vivo. Sabemos que é assim, porque vemos as maravilhas da sua obra. Vemos o crescimento das crianças, vemos o alimento que comem a ser milagrosamente convertido em outra substância que os nutre e os faz crescer. Como é que isso acontece não sabemos, nem sequer podemos imaginar.

Mesmo que soubéssemos, ainda assim continuaríamos sem saber o que accionou tão importante processo de vida dentro dos corpos vivos de cada espécie. Vejam de que forma tão maravilhosa os corpos de cada espécie são formados e criados propositadamente, de forma expressa para transformar o tipo de alimento que se come em energia para nutrir ossos, sangue e carne.

— Agora que nos mostrou todas estas coisas, podemos ver que elas são realmente maravilhosas! – Exclamou um jovem.

— Elas são! Elas são! Vemos os jovens corpos a passar pelas suas várias etapas de desenvolvimento e vemos as suas mentes a acompanhar o seu desenvolvimento físico até que começam a desejar encontrar um cônjuge para se tornarem pais. Logo, o grande trabalho da concepção é realizado e o crescimento da semente dentro do útero continua até que a criança chegue ao seu desenvolvimento pleno. Pensem! Quem determina esse constante crescimento tão ordenado dentro da mulher? De onde vêm os planos que regem o correcto desenvolvimento da cabeça, do corpo e dos membros, os quais são invariáveis de uma mulher para outra e de uma espécie para outra? Quem decide o momento exacto em que o nascimento terá início – o meio físico pelo qual a criança deve ser trazida à luz, a provisão do leite para a criança? Pensem! É a mãe? Não, não é a mãe. Ela é apenas a testemunha de tudo o que ocorre dentro dela, desde que o seu marido tenha estado com ela e plantado a sua semente para se juntar à dela. Deus faz todas estas coisas de longe? Estes pensamentos chegam a cada homem e mulher para decidir quando estas coisas devem acontecer? Não, todo este trabalho é realizado pelo “Poder Criativo da Mente”, a “Vida Inteligente Amorosa” dentro de todos os seres vivos. Vemos o amor dos pais por seus filhos, sejam eles pássaros, animais ou homens. De onde vem este amor? Ele provém do “Poder Criativo da Mente” – o Perfeito Amor – do “Pai” que está em nós. É por causa do trabalho que o “Pai” faz com as plantas, árvores, pássaros, animais e com o próprio homem que hoje estamos aqui, vivos, a respirar, a comer, a dormir, a ter filhos, a envelhecer e, então, a morrer para passarmos para um lugar mais feliz. Tudo isto é a obra do “Pai” que está activa dentro de nós. Como podem negar a verdade de tudo o que vos disse nesta noite? 

Hoje, viram um jovem agonizante que foi trazido de volta à plenitude da vida em pouco tempo – fui eu quem o curou? Não! Por mim mesmo não posso fazer nada. Foi a VIDA, que é o “Pai” activo dentro de todas as coisas, que veio com toda a força para reparar um corpo doente e trazê-lo novamente de volta à plena saúde, porque acreditei que assim seria e não duvidei.

Houve suspiros de satisfação na sala. Nova luz, novo interesse, inclusive podia ver-se uma nova doçura nos seus rostos.

— Por que então o homem sofre tão dolorosamente? – Perguntou Miriam.

— Porque quando o homem é concebido, quando a VIDA toma forma dentro da semente, ELA reveste-se da condição humana que O separa de qualquer outro indivíduo no mundo. Para fazê-LO único, uma figura isolada, não unida a nenhum outro, solitário, privado, SUA própria pessoa, ELE torna-se sujeito – é controlado por dois impulsos poderosamente fortes na sua natureza terrena – o de ligar-se a todas as coisas que deseja muito e o de rejeitar e afastar tudo aquilo que não quer. Estes dois impulsos básicos do homem estão presentes em cada coisa que ele faz ao longo da vida e são inteiramente responsáveis pelos problemas que atrai para si. Embora o “Pai” esteja activo no interior do homem, não há nada de humano NELE.

Portanto, o “Pai” nada retém, nada rejeita, nada condena, nem mesmo vê “a transgressão”. Tudo aquilo que o homem faz e que chama de “pecado” é apenas deste mundo e só existe punição neste mundo – porque é uma “Lei da Existência Terrena”.

Como sabe, que tudo o que semear, mais tarde colherá. Pelo facto de extrair a sua VIDA e a sua MENTE do “Pai”, o próprio homem é o criador dos seus pensamentos, palavras e acções. Seja o que for que ele pense, diga, faça e acredita, retorna a ele da mesma forma, algum tempo depois. Não existe castigo que venha do “Pai” – quaisquer que sejam os males que assolarem a humanidade, estes são o completo resultado de próprias decisões desta humanidade.

As pessoas murmuravam que este era um ensinamento totalmente novo e que fazia mais sentido do que tudo o que lhes havia sido ensinado antes. Várias vozes incitavam-me a contar mais.

— Eu digo-vos: em mim vós vistes a VIDA activa sob a forma de cura.

Sigam-me e ouvirão sobre o CAMINHO que deveis percorrer para encontrar a felicidade. Nas minhas palavras encontrarão a VERDADE da Existência nunca antes revelada por nenhum outro homem. Tem-se dito sobre o Messias que ele revelará os segredos que têm estado ocultos desde o começo da criação. Em verdade, digo que ouvireis esses segredos de mim. Se escutarem com cuidado, se entenderem o seu significado, se praticarem a sua verdade e se se apegarem às suas leis, sereis transformados em novos homens e entrareis no Reino dos Céus.

As pessoas ficaram em silêncio por um momento e então houve um clamor de conversa animada, mas Zedekias levantou-se e disse que era hora da família descansar.

Seu filho precisava dormir e sua esposa e filhas também estavam exaustas de tanto chorar. Ficou combinado que na manhã seguinte eu iria até ao porto e as pessoas doentes seriam trazidas até mim. Desta forma, fui capaz de empreender a minha missão e tudo foi rapidamente arranjado da melhor forma possível. Parecia que se eu não efectuasse as curas, não haveria interesse nem aceitação de tudo o que eu havia dito. As curas demonstravam a verdade de tudo o que eu havia ensinado e os meus ensinamentos explicariam as razões pelas quais eu era capaz de trazer do “Pai”, para eles, a cura.

Quando acordei na manhã seguinte, senti a felicidade viva em mim, com a expectativa das coisas maravilhosas que estavam por vir. Depois de tomar o desjejum, saí com Zedekias para o porto da cidade, com o meu coração iluminado de amor por todos os que passavam por mim. Eu cumprimentava-os calorosamente, dizendo-lhes que tinha “boas-novas” para todos aqueles que quisessem escutá-las.

Quando chegamos ao dique, encontrei homens, mulheres e crianças sentados no chão, à espera da minha chegada. Alguns estenderam as suas mãos, implorando. Pareciam muito mal. Outros haviam sido mutilados e muitos outros estavam cobertos de feridas. Meu coração ainda sofria por seu estado lastimável, mas agora também podia alegrar-me porque sabia que não era a “Vontade do Pai” que eles estivessem assim. Muito pelo contrário! O próprio “Pai” era toda a cura, toda a saúde e todo o bem-estar. Eu tinha provado isso na noite anterior e na minha casa. Estava exultante por ser capaz de demonstrar esta verdade maravilhosa para a multidão que agora se reunia em volta de mim.

Um rosto velho e triste chamou a minha atenção – uma mulher magra, enrugada e curvada. Fui até ela e ajoelhei-me ao seu lado, pondo e imediatamente senti o fluxo do “Poder do Pai” a vibrar pelas minhas mãos na sua cabeça, até que o seu corpo inteiro sacudiu com a Força Vital, eternizando os seus membros.

As pessoas, ao verem isso, ficaram atónitas, perguntando o que eu poderia estar a fazer com ela, mas outros acalmaram as suas objecções. Gradualmente os seus membros começaram a soltar-se, a alongar-se e a endireitar-se; seu rosto tornou-se vivo pela alegria de voltar a sentir a sua força. Ajudei-a a levantar-se e então ficou de pé por si mesma com todo o orgulho.

Ela estava tão tomada pela felicidade que começou a chorar, depois riu e dançou, chamando as pessoas: “Louvado seja Deus” dizia ela, “Louvado seja Deus” e outros que ali estavam repetiam o refrão. Todos estavam profundamente comovidos com o que haviam visto.

A aglomeração de pessoas apertando-se contra mim foi tão grande que Zedekias ofereceu-se para a controlar. De forma organizada e ajudado por outros dos espectadores ansiosos, dirigiu ordenadamente os doentes para mim, para que eu pudesse atendê-los, segundo as suas necessidades mais profundas. No fim, sentindo-me cansado, o meu anfitrião convidou-me a voltar para casa e jantar. Despediu aqueles a quem eu não tinha sido capaz de curar por falta de tempo. Assegurou a eles que eu retornaria no dia seguinte.

Foi uma noite festiva – tanta coisa para falar – tanto para celebrar – tanto para ensinar – tanto para aprender – todos certamente reconheciam naquilo a “boa-nova”. Eu sabia que havia sido aceite por muitos por dizer a verdade do que havia visto no deserto. E assim continuou por muitos dias. As pessoas vinham de longe para ver-me. Zedekias e outros amigos seus ajudaram-me a controlar a multidão para que eu pudesse curar e ensinar. O povo ouvia com prazer. Eles falavam entre si sobre o “Pai” e estavam ansiosos por aprender mais a respeito das “correntes e ataduras” que confinam as pessoas na miséria. A aglomeração de pessoas tornou-se tão grande que eu logo percebi que precisava achar meus próprios ajudantes em quem eu pudesse confiar para me auxiliar. Já era hora de Zedekias voltar a conduzir o seu negócio de couro, que ele vinha deixando de lado.

Fui embora para as montanhas para rezar a respeito da escolha dos “discípulos”.

Quando me veio a convicção de que eu seria guiado para fazer a escolha, retornei a Cafarnaum. Senti um forte impulso para descer pela beira do porto e falar com alguns homens que eu tinha visto a escutar os meus ensinamentos com muita atenção. Queria saber se eles deixariam as suas redes de pesca para se juntarem a mim. Quando os chamei, Simão, André, Tiago e João vieram imediatamente, felizes em poder ajudar no meu trabalho de cura e ensinamentos. Outros também se juntaram a mim assim que comecei meu trabalho entre as pessoas. Deixei meu anfitrião, a casa de Zedekias, que me assegurou entusiasmado que eu poderia retornar a qualquer momento.

E foi assim que comecei minha missão como mestre e curador peregrino, indo sempre que necessário pelas vilas e aldeias. Antes de partir, reuni os jovens que tinham aceitado com alegria ajudar-me. Escutariam os meus ensinamentos e ficariam perplexos pelo muito que eu tinha a dizer. Era vital que lhes explicasse primeiro o fundamento de tudo o que havia sido revelado a mim no deserto. Disse que apesar da vida ociosa que eu levava antigamente, havia sempre sentido uma profunda compaixão pelas pessoas. E foi a minha compaixão que me afastou desse “Deus” ensinado pelos Rabinos. Quando falei da minha total rejeição de um Jeová punitivo, pude ver a dúvida e o choque nos seus rostos.

Por um tempo considerável, expliquei que eu questionava como era possível falar de um Deus “bom”, quando crianças inocentes suportavam tanto sofrimento. Enquanto falava, via como os seus rostos iam relaxando aos poucos. Continuei a dar voz às minhas dúvidas e raivas de antigamente, até que vi as suas expressões mudarem para a aceitação e em seguida para a concordância completa. Descobri que havia expressado suas próprias dúvidas e perguntas, as quais nunca antes tinham tido coragem de admitir. Enquanto falávamos, pude sentir o seu alívio de que já não estavam mais sós nas suas resistências secretas com relação aos ensinamentos dos Rabinos.

Disse que chegou um momento em que comecei a perceber mais claramente que estava a desperdiçar a minha vida. Queria mudar e senti fortemente que deveria ir até João Baptista como ponto de partida, para começar uma nova forma de vida. Descrevi o que aconteceu durante o baptismo e as minhas seis semanas no deserto. Expliquei que todos os meus pensamentos, crenças, atitudes, arrogância e rebeldia prévia foram paulatinamente limpos de minha consciência, enquanto passava pelas profundas revelações e visões que me mostraram a “Realidade” que eu agora chamava de “Pai”. Expliquei a natureza do “Pai” e que esta “Natureza Divina” era constituída também da Vontade Divina. Disse que era o próprio homem que no seu íntimo se afastava do “Pai”, por seu pensamento erróneo e comportamento equivocado e que somente o homem, primeiro pelo arrependimento e logo depois pela limpeza mental-emocional, poderia encontrar o seu próprio caminho de volta ao pleno contacto com o “Pai”. Quando isso se cumprisse, a plena Natureza do “Pai” seria libertada dentro da mente, coração, corpo, alma, no ambiente e nas experiências da pessoa. Quando isso se produzisse, tal pessoa entraria no Reino dos Céus governado pelo “Pai” e o Reino dos Céus estabelecer-se-ia, ele mesmo, na consciência da pessoa. Ela atingiria então o propósito de sua existência.

Enquanto conversava com os meus discípulos, via as suas reacções reflectidas nos seus rostos. Toda a dúvida havia desaparecido, havia agora um resplandecer de luz de compreensão e alegria. Esses jovens tornaram-se fiéis entusiastas e exclamaram: “Estas sim são boas-novas”!

Entretanto, após a aceitação de tudo o que eu dissera, houve momentos em que perguntavam se seria verdade tudo aquilo que eu havia dito. Entendi aquilo. Dispor-se a desfazer-se da imagem de “Jeová”, tão profundamente gravada nas suas mentes, requeria uma grande dose de coragem.

Havia momentos em que falavam entre si e questionavam quem era este homem que pretendia tais maravilhas. E se viessem comigo e afinal eu fosse realmente um mensageiro de Satanás? Eles seriam severamente castigados por Jeová. Eles tinham muito a perder – sua posição na sociedade como jovens, homens sóbrios e trabalhadores, a sua reputação como comerciantes e artesãos, a perda de suas rendas e o maior obstáculo de todos: a provável ira e rejeição de suas famílias. O que eles receberiam em troca?

Disse então que eu não podia fazer nenhuma promessa terrena por sua ajuda na propagação do “evangelho da boa-nova”. Eu não tinha dúvida alguma de que, onde quer que fôssemos, receberíamos alimento e refúgio e que seríamos muito bem acolhidos pelas pessoas. Somente poderia prometer a Verdade de que o “Pai” conhecia as suas necessidades e que elas seriam satisfeitas e que os manteria com saúde. Poderia também prometer que, se eles se voltassem para o “Pai”, e confiassem no “Pai” a cada passo do caminho, seriam tão felizes como nunca haviam sido antes.

Experimentariam o Reino dos Céus por eles mesmos, na medida em que deixassem de lado as exigências do “eu” e se pusessem ao serviço dos outros. Seriam testemunhas de curas e estas aumentariam a sua fé e dar-lhes-iam a coragem para suportar quaisquer incómodos da jornada. E assim começamos a nossa missão para espalhar a “BOA-NOVA” do “EVANGELHO DO REINO”.

Enviei à minha frente estes jovens para as cidades que iríamos visitar. Ao chegarem, diziam às pessoas da cidade que se juntassem para escutar a “Boa-Nova do Reino dos Céus”. As pessoas ficavam surpresas e queriam saber mais, mas os discípulos pediam que fossem buscar seus amigos e vizinhos. Todos ficariam sabendo do que se tratava, “quando Jesus chegasse”, e também haveria curas de seus doentes. Excitados, muitos corriam para ajudar a difundir a “boa-nova” e logo estavam reunidos formando uma grande multidão.

Eu, que me havia rebelado apaixonadamente contra as pregações religiosas que ameaçavam os pecadores com violência, castigos e condenações, caminhava agora com alegria para ir ao encontro dessas multidões. 

Eu tinha a minha “Boa-Nova” para compartilhar com eles e iluminar o seu dia, além de curar as suas doenças e aflições, para encher de alegria as suas vidas.

Antes eu circulava entre as pessoas egoisticamente e com as mãos vazias, aceitando a sua boa vontade, e, às vezes, generosidade, com pouca gratidão. Agora eu vinha com uma abundância de possibilidades vivificantes para todos os que estavam dispostos a ouvir as minhas palavras e tomar medidas para melhorar a sua qualidade de vida.

Quero que você, que está a ler estas páginas, compreenda plenamente a minha posição nesse tempo, o meu estado de consciência depois de minha iluminação no deserto e a pessoa que eu apresentava aos meus conterrâneos como “Jesus”. Foram feitas tantas conjecturas a meu respeito que devo contar-vos a verdade.

Nasci para ter um bom físico quando amadurecesse, fortes traços aquilinos, uma inteligência notável e uma facilidade para a mímica e o riso. Mas como muitos de vós, hoje, não cuidei dos meus talentos terrenos. Na hora de ir para o deserto, o meu rosto e as minhas maneiras eram o que se poderia descrever como “abaixo” do que deveriam ser. Embora eu tivesse começado a examinar-me e a rebelar-me contra o que eu me havia tornado, o meu intelecto tinha sofrido pelo mau uso que eu fizera dele, envolvendo-me, constantemente, em discussões e discordâncias sobre religião e cedendo a discursos irreverentes. Eu fazia as pessoas rir. Eu era amado pelos homens e mulheres com quem me misturava, mas eles certamente não me respeitavam. Por isso o espanto dos que me conheciam quando falei na sinagoga em Nazaré.

Enquanto a minha mãe cuidou da minha saúde, eu fiz poderoso uso do conhecimento e da iluminação que me foram dados no deserto. Isso fez-me voltar a ser o homem que estava destinado a ser. Quando comecei a minha missão, estava inteiramente consciente de que eu era o único com o supremo conhecimento dos segredos da criação e da existência em si. Portanto, podia dizer com perfeita confiança: Ninguém além de mim “viu” o “Pai”.

Eu sabia que tudo em que os homens sinceramente acreditavam era falso – irreal. Sabia que eu havia sido especialmente moldado e projectado pelo “Pai” para esta missão. Eu havia sido abençoado abundantemente com a energia física, a vitalidade para falar e a capacidade de conceber parábolas significativas para transmitir a mensagem com sucesso e de uma forma que nunca seria esquecida. 

Além disso, eu compreendia os meus companheiros muito bem, devido à longa associação que tinha com eles. Conhecia as suas esperanças mais profundas, os seus medos mais desesperados, sabia o que os fazia rir e o que os induzia a zombar e a escarnecer dos ricos e pretensiosos. Sabia também a que ponto, os velhos e jovens sofriam silenciosa e corajosamente. Experimentava profunda compaixão pela população que vivia com medo, suportando o chicote verbal dos Fariseus e a inclinarem-se diante das leis fiscais dos Romanos. Sabia como o seu orgulhoso espírito Judeu havia sido ferido pelos gentios conquistadores, a quem foram obrigados a honrar com cumprimentos verbais, de mão e de joelho, mas a quem desprezavam por trás das portas fechadas. Conhecia e compreendia completamente a vida e o pensamento do povo. Eu já havia pensado seus pensamentos, sentido seus ressentimentos, sofrido suas ansiedades em tempos de privações e sentindo-me impotente nas garras do governo Romano.

E agora sabia que nada desse sofrimento era realmente necessário. Conhecendo, como eu conhecia, a Realidade da existência, a Realidade do “Deus” Universal, eu podia claramente perceber a insensatez das autoridades Judias, que impunham sobre a população uma penosa forma de vida que era completamente errónea e em total contradição com a Verdade do Ser. Esta situação causava-me profunda irritação.

Em consequência, sabia que havia sido perfeitamente moldado e afinado para me tornar instrumento purificado da Acção Divina na Palestina, dirigido por minha paixão pela VERDADE e compaixão pelo próximo. Por isso eu me chamei “Filho do Homem” – porque sabia exactamente o que a humanidade enfrentava na sua vida quotidiana.

Além disso, eu tinha plena confiança de que poderia alcançar o meu objectivo de levar a Verdade às pessoas e assim ser instrumento de mudança na qualidade das suas vidas. Por este motivo, ainda que eu soubesse desde o início de minha missão que haveria um preço a pagar por tudo o que me propus fazer – virar de ponta cabeça e pelo avesso o mundo conhecido dos Judeus – estava preparado para enfrentar e passar por isso. Não poderia escapar, porque amava as pessoas com o AMOR do “Pai” que fluía do meu coração e ser.

Pois o “Pai” AMOR é a essência do DAR – dando-se Ele mesmo no ser e existência visíveis, no crescimento, protecção, nutrição, cura e satisfação de todas as necessidades da criação tornada visível.

Eu sabia que era o presente de salvação do “Pai” para as pessoas, – para o mundo – e, NÃO –

como eles supuseram e ensinaram durante séculos – a salvação do castigo imposto aos “pecadores” por um Deus irado – MAS para salvar as pessoas da repetição diária dos mesmos enganos do pensamento erróneo, pensamento esse que criou os seus infortúnios, pobreza, doença e miséria.

Porque amava tão profundamente a raça humana, estava preparado para ensinar e curar, desafiando os Sacerdotes Judeus. Estava disposto a morrer na cruz pelo que verdadeiramente tinha “visto” no deserto, conhecia com todo o meu coração e queria compartilhar até à última gota de minha capacidade para o fazer.

ESTA É A VERDADE SOBRE A MINHA CRUCIFICAÇÃO E TODO O RESTO QUE VOCÊ OUVIU SÃO SUPOSIÇÕES HUMANAS DECORRENTES DA PRÁTICA JUDAICA DE OFERECER SACRIFÍCIOS NO TEMPLO.

Eu era um presente do “Pai” para a humanidade, para ajudá-la a superar a sua ignorância das Leis da Existência e a encontrar o verdadeiro Caminho da Vida, que conduz à alegria, à abundância e à perfeita plenitude do Reino dos Céus.

Estas eram as percepções, os desejos, as intenções, os objectivos e os pensamentos que levava na minha mente e coração. Esta era a roupagem mental-emocional terrena que cobria a minha consciência espiritual oculta na cabeça e figura de “Jesus”. Esta era a minha consciência espiritual, canalizada nos pensamentos e sentimentos que me impulsionaram a empreender uma jornada de três anos, para levar às pessoas aquilo que eu acreditava plenamente ser o resgate final de sua própria forma cega de pensar e sentir, a qual criava as suas próprias vidas turbulentas. Eu acreditava verdadeiramente que, se pudesse demonstrar às pessoas tudo aquilo que me havia sido dado a compreender, perceberiam a sua loucura anterior e esforçar-se-iam por mudar a sua forma de pensar e colocar o pé na direcção do Caminho da Vida que conduz ao Reino dos Céus. Para este fim, eu estava disposto a dar minha vida.

Por causa da interpretação errónea atribuída à minha missão pelos mestres Judeus, a minha verdadeira mensagem foi distorcida até não ser mais reconhecida. O propósito destas Cartas é o de trazer às pessoas desta Nova Era a verdade sobre o que eu realmente falei para as multidões na Palestina. Portanto, voltando ao relato daquela época, deixe-me retroceder a um dia especial que deu frutos entre os meus ouvintes e que produziu uma impressão duradoura nas mentes dos meus discípulos. Assim, para mim, também esse foi um dia especialmente significativo.

Eu distanciei-me por um tempo da pressão das pessoas, indo às colinas rezar e meditar, buscando recarregar as minhas baterias espirituais, fazendo uma profunda, forte e mais poderosa conexão com o “Pai” dentro de mim. Essa conexão era tão rapidamente obscurecida no interior de minha consciência, quando estava ocupado entre as multidões, que eu estava exausto.

Chegando à caverna que utilizava quando me encontrava nessa área, puxei um pedaço de pano que ficava escondido sob uma pedra e deitei-me para dormir. Ao invés de dormir, no entanto, sentiu imediatamente o fluxo da Vida Divina, o “Pai”, e o cansaço foi dissolvido enquanto o meu corpo era carregado com o Poder que é a Fonte Criativa de Todo o Ser.

Fui elevado em consciência no interior de uma Luz dourada e, enquanto viajava para o alto dessa Luz, ela subitamente mudou para o mais puro branco e eu soube que, em consciência, estava nos portais do Equilíbrio, que é o Eterno, o Universal, a dimensão Infinita que está além de toda a concepção da mente humana. Observei a LUZ, mas eu não fazia parte DELA, nem ELA estava poderosamente dentro de mim, uma vez que esta era a dimensão “DEUS” do vazio, da não forma do Equilíbrio Universal. Mas ELA comunicava-se comigo e infundia-me com o seu brilhante AMOR.

Isso mais uma vez gravou em mim que ELA era o “Processo Criativo – Aperfeiçoador – Curador” AMOR que governa toda a existência.

Sabia que onde quer que houvesse necessidade, haveria satisfação, como o constante fluir das águas que enchem um lago. Onde reinava a miséria, haveria alegria porque era a NATUREZA do Universal mover-se para o interior de cada coisa viva que tem necessidades, para trazer satisfação e alegria. 

Eu sabia que, onde não houvesse crescimento, surgiriam as circunstâncias para promover o crescimento. 

Eu sabia que, onde houvesse um sentimento de fracasso, desafios seriam providenciados para estimular as pessoas ao sucesso e à auto confiança.

Eu “vi” que este TRABALHO AMOROSO constantemente iniciado pelo “Pai” na vida das pessoas sobrecarregadas pode não ser reconhecido como um “presente de AMOR” pelas pessoas que o recebem. Elas podem estar tão afundadas na sua apatia, sentimentos de fracasso e na crença de que nada de bom lhes acontece, que não conseguem ver outra coisa nas suas vidas além das suas próprias crenças e sentimentos!

Consequentemente, ficam enraizadas no inferno criado por elas, para elas mesmas. Não havia necessidade de sentir pena de ninguém. A única necessidade era ter um coração compassivo e a determinação de lhe levar a Verdade para curar a sua ignorância. O maior presente que um homem poderia dar ao outro era a iluminação da ignorância sobre a existência e as suas leis cósmicas, pois a VERDADE era que: cada alma está compreendida no UNIVERSAL e os níveis do fluxo da ACTIVIDADE UNIVERSAL nas suas vidas, através do TRABALHO AMOROSO do “Pai”, dependem inteiramente da recetividade do indivíduo.

Compreendi que o que as pessoas precisavam ouvir urgentemente era o que eu acabara de aprender. Elas precisavam “ver” e compreender plenamente a intenção, o propósito e o potencial do AMOR, que era a mesma substância do seu ser. Por causa de sua descrença, elas poderiam rejeitar o TRABALHO AMOROSO do “Pai” como se fossem “desafios dolorosos” e então render-se-iam ao fracasso para sempre. 

Eu vi então, com mais clareza ainda, que havia sido enviado para despertar as pessoas para todas as possibilidades de auto desenvolvimento, de prosperidade e realização da alegria e da felicidade – mas dependeria delas que acordassem e aproveitassem aquilo que era oferecido.

Lembro que esta elevação durou a noite inteira e na manhã seguinte acordei sentindo-me mais vivo do que nunca. A minha mensagem tinha sido esclarecida. Tinha visto, ainda mais claramente, a Realidade do “Pai” e sabia que era capaz de sair naquele dia para encontrar a multidão e transmitir o poder e a vida daquilo que me havia sido mostrado. Enquanto descia da caverna, fui até uma grande rocha de onde se via o íngreme precipício. Quando me sentei, olhei abaixo a cidade que visitaríamos naquele dia. Podia sentir aquele “Processo de Aperfeiçoamento” – aquele impulso “Que Tudo Criava” – o “Pai” – surgindo em mim e ansiava por compartilhar Aquilo com os demais, antes que os problemas da vida diária O encobrissem, e Isso perdesse o poder e a força motriz no interior de minha consciência humana.

Os meus discípulos juntaram-se a mim um pouco de pois. Ao chegarmos à cidade, eles orientaram as multidões para que se dirigissem para um terreno inclinado além das casas. Em pé, sobre uma grande rocha no meio deles, comecei a falar. Descobri que a paixão, a alegria, o desejo, a veemência e a convicção vertiam espontaneamente nas palavras que pronunciava.

— Vós estais extremamente cansados e pressionados. As vossas tarefas tornam-se mais pesadas à medida que envelhecem, o estômago fica vazio com frequência, vossas roupas estão puídas, as pessoas irritam-vos e sentis que não há fim para os problemas e aflição de espírito. 

Mas essa não é a verdade referente às vossas existências. As vossas vidas foram destinadas a ser muito diferentes. Se pudésseis ver além dos vossos sentimentos, se pudésseis elevar as vossas mentes para fazer contacto com o “Pai” dentro de vós, poderíeis “ver” e saber qual deveria ser o estado das vossas existências. Perceberíeis que fostes criados para desfrutar da abundância, da protecção, da boa saúde e da felicidade.

Mas como viveis quotidianamente as vossas vidas com medo do “bem e do mal”, acreditais e esperais estas coisas mais do que acreditais que o “Pai” é VIDA e AMOR abundante em vós, que provê todas as coisas necessárias para a saúde e o bem-estar, são justamente as experiências que mais temeis aquilo que atraís para as vossas vidas e corpos. São as vossas crenças a respeito do “bem e do mal” que obscurecem – TURVAM – tudo o que o “Pai” tem reservado para vós, se acreditarem no “Pai AMOR”!

Julgais o vosso hoje e esperais do vosso amanhã o mesmo que experimentastes no passado. Em consequência, os vossos males de ontem são continuamente repetidos no futuro. 

Estais escravizados pelas vossas memórias e crenças inabaláveis de que o que aconteceu no passado deve voltar a acontecer para vos oprimir e ferir.

Não precisais curar os vossos corpos ou tentar melhorar as vossas vidas, precisais curar as vossas crenças! Já vos disse que não existe nada sólido sob o Sol.

Se pudésseis curar as vossas crenças e alinhá-las com a verdadeira Intenção do “Pai” para convosco, as crenças erróneas que governam os vossos corpos e vidas dissolver-se-iam como névoa ao Sol. Cada circunstância das vossas vidas voltar-se-ia imediatamente para a Intenção Divina que está por trás de toda a criação. Vós comprovaríeis que para cada dificuldade, para qualquer necessidade de qualquer tipo, há sempre um meio para “pôr fim às dificuldades”, há sempre alguma coisa na cesta para atender às vossas necessidades.

Que acreditais que acontece quando os doentes vêm a mim e ponho minhas mãos sobre eles? Estou a pensar na doença? Estou a querer saber se a pessoa será curada?

Tenho medo de que o “Pai” esteja a dormir ou tão distante que não possa ouvir-me? Não! Se os meus pensamentos fossem incrédulos como estes, não haveria cura.

Quando a pessoa se aproxima de mim pedindo que a cure, imediatamente me alegro porque sei que o Poder que é o “Pai” está em mim, preparado e a aguardar para curar no momento que eu assim o pedir. Eu agradeço porque sei que a “Vontade do Pai” é a saúde e não a doença. Portanto, rezo para que a “Vontade do Pai” seja feita no doente. No momento em que removo a crença da doença do corpo do doente e SEI que a “Vontade do Pai” de saúde está a fluir para o seu sistema, o mesmo se dá com a aparência – a aparência de doença transforma-se em realidade do “Pai Saúde” e o corpo recupera a sua saúde novamente.

A doença nada mais é do que uma baixa na vitalidade – uma redução da VIDA – na parte afectada. Restaure o “Pai Vida” na verdadeira Intenção e no Plano do seu sistema e o sistema inteiro funcionará como deveria.

Foi dito que Deus manda enfermidades, pragas, penúrias e destruição às nações, quando não obedecem às suas leis. Foi dito que vós mesmos sois castigados por um Deus irado por causa dos pecados que cometeram. O que é o castigo senão a maldade sob o disfarce de bondade? Eu digo-vos que o mal não vem de Deus. Como pode Deus estar nas duas partes – no bem e no mal? É apenas nas vossas mentes que concebeis o bem e o mal, é apenas nos vossos corações que pensais e sentis dessa forma. Esses pensamentos e sentimentos não têm nada a ver com o verdadeiro Deus que é o “Pai” dentro de vós, que traz todo o bem se assim o acreditardes. É a crença no bem e no mal que há nos vossos corações, que vos traz a doença.

Na realidade viveis no Reino dos Céus que está em vós e sois governados pelo “Pai”. Porém, porque acreditais nos castigos de Deus, porque acreditais que somente os sacrifícios no Templo vos salvarão, porque acreditais que sois herdeiros da doença, da pobreza e da miséria, criais com as vossas mentes as mesmas coisas que não desejais.

Não se sintam abatidos – alegrem-se e sejam felizes e saibam que aqueles que passam necessidades, longe de serem castigados e abandonados por Deus, ainda que tenham pecado, são verdadeiramente abençoados. O homem que não tem nada é rico no Poder do “Pai”, se O escutar, se confiar Nele e viver Nele.

Quando os vossos estômagos estão satisfeitos, quando os vossos corpos conhecem o bem-estar e as vossas mentes e corações estão confortáveis, não tendes necessidades urgentes de que o “Pai” se torne activo em vós para satisfazer as vossas necessidades. Acreditais que os vossos próprios pensamentos e mãos satisfazem facilmente as vossas necessidades, de forma que quando falais de “Deus” podeis apenas falar sobre o que ouvis por outros – vós mesmos não tendes nenhuma experiência directa de “Deus”. Considerem os ricos. Estão mergulhados, confinados, atolados nas suas próprias riquezas. Eles levantam-se de manhã e ocupam-se dos seus assuntos diários, sem nada saber a respeito do Poder do “Pai” que está neles. Ocupam-se com os pensamentos que aumentarão as suas riquezas e reforçarão o seu “eu”. Dão ordens que sobrecarregam aqueles que os servem e vivem as suas vidas de acordo com suas próprias escolhas. Por isso, desenham a sua vida limitada a partir do seu limitado pensamento humano, que surge das suas mentes e corações corporais, adoecem e experimentam tanta miséria como o homem que nada possui. Não percebem que estão apenas meio vivos, porque não estão em contacto com a FONTE DA VIDA, o “Pai” dentro deles. Tampouco eles “vêm” que muitas das coisas boas que surgem nas suas vidas não são de sua própria invenção, mas sim do TRABALHO AMOROSO do “Pai” escondido neles.

Os líderes religiosos estão à vontade nas suas próprias e confortáveis posições de autoridade. Eles não têm necessidade de nada além das suas próprias satisfações físicas.

Porque não têm nenhum conhecimento pessoal de Deus, precisam ler nos seus Livros Sagrados as palavras que os homens santos disseram há milhares de anos e contar às pessoas o que eles pensam que essas palavras significam. Mas tudo o que dizem é tirado das suas próprias mentes pequenas que estão aprisionadas no conforto das suas vidas, afundadas na expectativa do que irão comer e beber e qual a vestimenta irão usar para impressionar as pessoas. Nada sabem sobre a inspiração que deu origem às palavras pronunciadas pelos profetas há tantos séculos. Nem mesmo sabem se essas são as palavras que realmente precisam ouvir nesse momento, já que os tempos são outros.

Acreditem em mim, os homens ricos e os líderes religiosos são fortes nas coisas da Terra e não querem desfazer tudo o que eles consideram seguro e eterno nas suas tradições e práticas. Qualquer desvio estremeceria as estruturas das suas crenças e, portanto, das suas vidas. Então eles constroem defesas mentais contra o fluxo do Poder do “Pai”. Eles também adoecem e, à sua própria maneira, conhecem a miséria como aqueles que não têm nenhum conforto terreno. Não existe diferença entre esses que pouco têm e aqueles que tudo têm na vida. Tanto os ricos quanto os pobres adoecem da mesma forma, fazem inimigos e se encontram sozinhos.

Mas é enorme o potencial para que ganhais mais do que os ricos e religiosos podem esperar ganhar em saúde, felicidade, companheirismo e realização no modo de vida que escolherem. E quando tudo estiver cumprido, sabereis que as oportunidades, a habilidade e a inspiração, tudo procede do “Pai” que está dentro de vós. Sabereis que nunca poderíeis ter feito tais coisas se não tivésseis pedido ao “Pai” que está em vós para vos ajudar a utilizar todos os vossos talentos, para colocar comida em abundância nas vossas despensas e roupas nos vossos corpos e felicidade e uma boa vida para os vossos filhos.

Todas estas coisas o “Pai” fará por vós, se assim o pedirem – se acreditarem – se souberem – e lembrarem sempre – que é a “Natureza do Pai” criar e então prover abundantemente para toda a Sua criação.

Assim como vós não iríeis deliberadamente privar os vossos filhos das coisas que eles precisam, assim o “Pai” nunca vos privará propositadamente de tudo aquilo que necessitais para uma vida feliz. Se sois pobres é porque ainda não compreendestes a natureza do “Pai”, nem tampouco entendestes que deveis trabalhar com o “Pai” para cobrir as vossas próprias necessidades. Deveis aproveitar imediatamente as oportunidades divinas que vos são apresentadas para vos ajudar a avançar.

Se eu pudesse mostrar e fazer-vos ver e acreditar que, quando vos lamentais, a vossa tristeza é conhecida do “Pai”! Se vos voltásseis para o “Pai” e observásseis o trabalho que o “Pai Amor” está a fazer para vós, com o tempo a vossa tristeza converter-se-ia em alegria e encontraríeis consolo além de qualquer coisa que imaginásseis possível.

Vós sois abençoados se estais famintos e com sede, porque o “Pai” conhece as vossas necessidades. Em breve essas necessidades seriam saciadas se parásseis de se lamuriar e começassem a rezar para o “Pai”, pedindo – acreditando que iriam receber.

Como podeis acreditar que para comer e estar bem vestido é preciso primeiro ir ao Templo e oferecer um sacrifício queimando as próprias criaturas vivas do “Pai”, para que elas paguem pelos vossos pecados? Não conseguis ver que os seres vivos que vós queimais foram criados para desfrutar da vida, tanto quanto vós? Eles foram criados para serem uma bênção e serem abençoados na Terra, assim como vós, pois essa é a natureza do “Pai Amor” que se revela na Sua criação. Se vos lembrardes que “aquilo em que realmente se acredita” é aquilo que se recebe, não percebeis que essa crença Judaica de sacrifício de seres vivos no Templo vai trazer apenas miséria?

Acreditais em castigo e castigo é o que recebereis. Acreditais na morte e destruição como sendo o caminho certo para chegar a Deus e isso é o que experimentareis: matança e destruição.

Se estais com fome e com sede, é porque vos estais a afastar do “Pai” que habita em vós. Ao entregarem-se aos temíveis pensamentos, anseios e sentimentos de desesperança, estais a criar as mesmas condições que desejais corrigir. Estais a fazer todas essas coisas ruins contra vós mesmos.

Por conseguinte, vós sois ainda mais bem-aventurados, quando estais com fome e sede de bondade e do contacto com o “Pai” que habita em vós, porque então certamente sereis saciados uma centena de vezes.

Bem-aventurados sois quando vos atacam e roubam, porque quando permanecerdes em perfeita confiança vereis “Deus em acção” e a libertação a acontecer.

Bem-aventurados sois quando estais envolvidos em conflito e ainda assim podeis ser compassivos com o próximo e ser os pacificadores. Levam no coração o amor que vem do “Pai” e realmente são filhos do “Pai”.

Bem-aventurados sois quando, mesmo sendo profundamente injustiçados, ainda assim podem perdoar e demonstrar misericórdia, abstendo-se de buscar justiça ou perseguir a quem vos tenha insultado. Coloquem-se directamente em sintonia com o amor que é “Deus-activo-em-vós” e da mesma forma sereis poupados nos momentos de dificuldade.

Os mais abençoados de todos são os puros de coração, porque esses livraram-se de toda a raiva, ódio, vingança, maldade, inveja e dureza de coração – e estão diante do mundo como o Amor-feito-visível. Eles vão conhecer a Realidade chamada “Deus” e saberão que a Realidade é o “Pai” dentro deles. Como posso ajudar-vos a ver esta grande verdade? Como posso ajudar-vos a ver a realidade do Reino dos Céus, o Reino de Deus?

Vós não tendes que ficar a olhar para o céu, porque não é lá onde vereis a actividade do “Pai” de forma tão clara que, sem dúvida alguma, reforçará a vossa fé. É aqui, onde através dos séculos as pessoas têm cometido o grande erro de olhar para os seus sonhos e imaginação, criando por si mesmos um Jeová que não existe. Não encontrarão o “Pai” acima de vós, em algum lugar do céu. O “Pai” não está em nenhum lugar especial, mas em todo o lugar, ao redor e em tudo.

Vós podeis ver a maravilhosa actividade do “Pai”. Olhem em volta para as coisas que crescem, o trigo, a grama, as flores, as árvores e os pássaros. Em cada coisa viva, vereis o misterioso e maravilhoso trabalho do “Pai” em incessante actividade. É aqui que o “Pai” está no perfeito controlo. Podem ver que há lei e ordem perfeitas, crescimento, desenvolvimento e, finalmente, a colheita para abençoar o homem, os animais e os pássaros.

Considere a maneira com que um homem, depois de terminar de lavrar os seus campos, espalha as sementes sobre a terra e as cobre novamente. Ele arruma as suas ferramentas e vai para casa satisfeito pois, afinal, se chover suficientemente, haverá comida para alimentar os seus filhos. Por muitos dias ele dorme e acorda e não faz nada mais pela sua plantação; mas quando volta a visitá-la verá verdes folhas a sair da terra. Mais tarde voltará e verá o crescimento de caules e folhas e mais tarde ainda ele verá a formação da semente e, um dia, finalmente, que o grão já está cheio e dourado, pronto para a colheita.

Enquanto isso, todo esse crescimento ocorreu sem a ajuda dele. O trigo cresceu de uma forma maravilhosa que ele não pode explicar. É mágica? Não, é o trabalho do “Pai”, o Poder, a Inteligência Amorosa por todo o universo, que inspira o trabalho e respira por meio dele. É a actividade do “Pai” que é a VIDA INTELIGENTE do UNIVERSO.

Quando entrais no Reino de Deus, vos sentis bem. Sentem-se felizes e alegres.

Imaginem como se sentiria uma mulher que perdesse uma grande quantidade de dinheiro e se perguntasse como daria de comer às suas crianças. A mulher está a chorar e a varrer a casa e é tão minuciosa que não fica uma partícula de poeira – então, escondida num canto escuro, ela encontra uma valorizada peça de prata e imediatamente as suas lágrimas secam. Ela começa a sorrir e sente-se tão viva e alegre que sai a correr de casa para convidar os vizinhos a celebrar com uma festa. Ela pensava que havia perdido tudo e agora estava rica novamente.

Assim é quando encontrais o Reino dos Céus – o Reino de Deus. Ao invés de lágrimas e temores, fome e doença, encontrais a paz, a alegria, a abundância e a saúde do Reino de Deus. Nunca voltareis a experimentar qualquer tipo de necessidade novamente.

O Reino de Deus também pode ser comparado a um homem muito rico que era comerciante de pérolas. Toda a sua vida ele havia querido encontrar uma pérola especial que ofuscasse todas as demais, seria perfeita e impecável e ele seria a inveja de todos os demais comerciantes. Um dia ele encontrou a tal pérola, linda além da imaginação, mais perfeita que todas as demais. Vendeu tudo o que possuía, abandonou tudo o que havia acumulado para comprar aquela pérola e estava feliz para além de todos os sonhos.

O que significa isto? Significa que todas as coisas que anteriormente valorizava na sua vida – sua casa ricamente decorada, seus bens, seu modo de vida, a abundância de comida e de bebida, ele alegremente deu tudo para possuir o tesouro sem preço – o conhecimento que o levará até ao Reino de Deus onde a felicidade é um estado da mente que o mundo exterior, com todos os seus aborrecimentos e preocupações, não pode perturbar.

O “Reino de Deus” está em vós. Entrais no “Reino de Deus” quando percebeis plenamente que o “Pai” está o tempo todo activo em vós. É um estado da mente, de percepção e entendimento de que a Realidade, por trás e dentro de todas as coisas visíveis, é o “Pai”, formoso e perfeito e que todas as coisas que são contrárias à beleza, à harmonia, à saúde e à abundância, são criações do pensamento equivocado do homem.

Eu sofria ao ver-vos sofrer, mas não precisais sofrer mais se escutardes o que tenho para vos dizer. Mas devo avisar-vos de que o Caminho que leva ao Reino dos Céus é difícil de seguir e isso quer dizer que – primeiro – tereis de lidar com o vosso “eu”. Por que é que tereis que se ocupar do “eu”? Porque é do desejo de proteger e de promover o vosso bem-estar pessoal que procedem todos os pensamentos, palavras e actos egoístas.

Provavelmente perguntarão: Por que deveria eu preocupar-me com isso? Se o que diz é verdade, que não há castigo, que “Deus” não vê as faltas – então por que deveríamos estar preocupados com a maneira como nos comportamos?

— Há tanta coisa para ser aprendida aqui que eu mal sei por onde começar. Como já expliquei, vós extraís a vossa VIDA do “Pai”. Portanto, extraem a vossa capacidade de pensar e de amar do “Pai”. Como o “Pai Inteligência” é criativo, assim também a vossa consciência é criativa. Com a vossa mente e coração realmente modelais os planos de vossas próprias vidas e experiências.

E que tipo de vida planeais e modelais nas vossas mentes? Se alguém vos irrita ou machuca, retaliais de alguma forma; acreditais que se alguém se apropria do vosso olho, deveis retirar o olho do adversário em troca. Acreditais que quem mata deve ser morta como castigo ou compensação. Acreditais que quem vos rouba deve pagar por isso, que aquele que rouba a vossa mulher deveria ser apedrejado junto com a vossa esposa. Acreditais que é necessário exigir o pagamento pelo mal que passais por vossa vida. Como é da natureza humana ferir os outros e tendes sido ensinados a retaliar, as vossas vidas são um contínuo cenário de guerra. Guerra no lar entre maridos e esposas, filhos, vizinhos, entre pessoas públicas e também entre as nações. O “Pai” ignora essa guerra nas vossas vidas, mas conhece a tensão que surge dela nas vossas mentes e corpos. Mas nada pode fazer – para aliviar essa dor – até que vós mesmos lhe coloquem um fim. Vós mesmos deveis cessar a luta e viver em paz com as vossas famílias, vossos vizinhos, entre empresários, entre pessoas públicas e entre países.

Só então, o TRABALHO AMOROSO do “Pai” poderá tomar o seu lugar na vossa mente, coração, corpo e vida. Só então podereis reconhecer e ver o Trabalho Amoroso que está a ser realizado em vós – e para vós – pelo “Pai”.

Lembrem-se também da grande LEI: VÓS COLHEIS EXACTAMENTE AQUILO QUE PLANTAIS. Não se pode colher figos de amoreiras, nem uvas da árvore de espinhos, ou colher trigo do joio. Pensem nisto e compreendam esta parábola porque isto é muito importante para vós – não somente nos dias de hoje – mas também em todos os vossos dias e anos que virão, mesmo na eternidade. 

Assim, se quereis mudar as vossas vidas – mudem os vossos pensamentos, mudem as vossas palavras decorrentes desses pensamentos, mudem as vossas acções decorrentes desses pensamentos.

Aquilo que está nas vossas mentes criará todas as vossas experiências, as vossas doenças, pobreza, infelicidade e desespero.

Um homem gritou-me: 

— Diga-nos, Mestre, como podemos permanecer em paz com os nossos vizinhos quando eles mesmos não vivem em paz connosco?

Sorri-lhe e disse: 

— Quando o seu vizinho chega junto de si e diz que ele tem de viajar a alguma distância e não quer ir sozinho e lhe pede para você ir com ele – o que faz?

O homem riu:

— Se o meu vizinho quisesse levar-me para longe do que eu estivesse a fazer eu não ficaria satisfeito. Eu dir-lhe-ia para encontrar outra pessoa para ir com ele porque eu estava ocupado.

— E como se sentiria o seu vizinho? – Perguntei.

O homem encolheu os ombros:

— Eu não sei.

— E na próxima vez que você precisasse dele para lhe fazer um favor a si, como responderia ele ao seu pedido?

O homem já não ria mais. E não respondeu. Outro homem disse: 

— Ele irá xingar e dirá para você ir a outro lugar pedir ajuda.

Eu disse às pessoas: 

— Ele respondeu acertadamente. E como se sentirá ele? E apontei para o homem que primeiro havia falado, sorrindo para ele.

Uma mulher gritou acima dos risos: 

— Ele dirá, a todos aqueles que encontrar, como é miserável e egoísta o vizinho que ele tem. Talvez ele vá querer machucá-lo de alguma forma.

Houve gritos de concordância e eu assenti: — Sim, ele vai esquecer-se que uma vez pediu ao seu vizinho para caminhar com ele por uma ou duas milhas e este recusou-se. Não verá a LEI da SEMEADURA e da COLHEITA trabalhar na sua vida. Ele a pôs em movimento quando se recusou a acompanhar o seu vizinho e agora está a colher o resultado das suas atitudes e acções. De que adianta ficar com raiva quando foi ele mesmo quem criou esta situação?

As pessoas riam e assentiam com a cabeça e falavam uns com os outros. Nunca antes eles haviam escutado tal conhecimento do comportamento humano. Havia aqui um ensinamento completamente novo.

Disse-lhes: 

— Aconselho que quando o vosso vizinho vier pedir-vos para caminharem um pedaço de caminho com ele ou qualquer outra coisa que o deixe mais à vontade e feliz, que primeiro pensem sobre o que gostariam que ele fizesse por vós se também tivésseis uma necessidade. Como gostariam que ele respondesse ao vosso pedido?

Um murmúrio varreu a multidão e pude ver que eles entenderam o que eu estava a dizer.

— De facto, se o seu vizinho pedir para que o acompanhe por uma milha, façam isso com agrado e estejam dispostos a caminhar por duas milhas, se necessário. Quando recusam algo às pessoas, não percebem, mas enrijeceis a vossa mente e corpo, para se protegerem da obrigação de fazerem qualquer coisa que não quereis fazer. Colocam em tensão a vossa mente e corpo e o “Pai” também é tensionado e não pode fazer o Seu TRABALHO AMOROSO dentro de vós e é deste enrijecimento que surge a doença.

Pode ser que encontrem alguém em extrema necessidade, que tenha frio ou esteja infeliz e que vos peça o manto. Não passem por ele a olhar de longe. 

Algumas pessoas riram. Sabiam que era isto o que fariam. 

— Não! Entreguem-lhe o vosso manto e se ele realmente estiver com frio, também a vossa túnica. E sigam o vosso caminho e alegrem-se.

— Alegrarmo-nos? – Perguntou uma voz descrente.

Eu ri e disse:

— Sim, meu amigo – alegre-se! Primeiramente porque possuía uma túnica e um manto para dar e, depois, alegre-se por perceber que agora tem falta de uma túnica e manto, e o “Pai” dentro de si fará retornar em breve as suas roupas de alguma forma surpreendente. No entanto, se entregar a túnica e o manto e continuar a caminhar, resmungando para si mesmo: “E agora, por que fiz isso? Fui um tolo. Agora, sentirei frio no lugar dele e as pessoas rirão de mim porque dei-lhe a minha túnica e manto e fiquei eu mesmo sem nada – e o que dirá a minha mulher quando eu chegar em casa”?

As pessoas concordavam e riam, apreciando a imagem do homem que dá a sua túnica e manto e em seguida lembra que coisa insensata fez a si próprio. Eu sabia que, muitas vezes, privavam-se para ajudar os outros – e lamentavam a sua generosidade logo depois.

Esperei por um momento e então falei em voz alta para conseguir plena atenção de todos: 

— Mas eu não disse que COLHEIS o que PLANTAIS? Não disse claramente que os vossos pensamentos, palavras e acções criam a vossa vida futura? Então o que quereis SEMEAR para COLHER depois de terdes dado a túnica e o manto ao estranho?

Quereis que os vossos presentes voltem novamente para vós – ou quereis ficar sem a túnica e o manto durante muito, muito tempo? Porque é isso que acontecerá se continuarem nos vossos caminhos irritados e chateados por terem doado as vossas roupas. As vossas palavras e acções selarão, endurecerão como uma rocha, a pobreza que trouxestes para vós por terdes doado a túnica e o manto.

As pessoas já não riam nem sorriam mais, estavam muito caladas e a escutar atentamente.

— Lembrem-se, primeiro façam aos outros o que gostariam que vos fizessem a vós e então haverá paz e contentamento na vossa mente e coração e o “Pai” poderá fazer o Seu AMOROSO TRABALHO no vosso corpo, mente e coração. Doem e doem abundantemente e alegrem-se porque tendes presentes para doar aos necessitados e por que, enquanto estais a doar, os vossos dons vão sendo restaurados da forma que mais necessitais. Doem com o coração contente, doem com confiança e com o conhecimento de que onde houver carência nas vossas vidas, assim fará o “Pai” o seu TRABALHO AMOROSO com abundância em vós – e para vós. Nada façam com o coração pesado, porque um coração pesado é o que continuarão a ter. Doem tudo com o espírito alegre, a fim de que tudo nas vossas vidas vos traga somente alegria e iluminação espiritual.

Um homem comentou: 

— Isso vai contra a natureza do homem. É natural preocupar-se com o futuro. A roupa é cara, a comida é difícil de encontrar. A vida é uma luta constante. 

Respondi em voz alta porque ele estava apenas a dizer o que eu sabia que a maioria dos meus ouvintes estava a pensar.

— Mas você não sabe com certeza se amanhã estará a lutar para viver. Não sabe se amanhã terá um trabalho esplêndido ou qualquer outra coisa maravilhosa que possa vir para si. Não sabe isso – mas o que está a tornar certo para si mesmo é que não haverá um trabalho maravilhoso ou qualquer outra excelente oportunidade na sua vida – porque está a criar as circunstâncias do seu amanhã.

Ele irritou-se:

— Eu estou? Como estou a fazer isso?

— Não acabei de explicar? 

Virei-me para o povo rindo:

— Digam-me, como foi que este homem de túnica vermelha, aqui na frente, criou os seus amanhãs?

Houve silêncio na multidão, então um jovem rapaz, Marcos, gritou para mim: 

— Eu sei. Ele disse que deveria lutar para comprar comida e roupa. Mas você tem-nos dito que aquilo que pensamos e falamos, receberemos.

— Exactamente – eu disse. Você é um menino muito inteligente. Você compreendeu. Cuidem para não criar para vós mesmos as coisas que não desejam. E eu ficarei contente que você seja meu discípulo quando for mais velho, se os seus pais assim o permitirem.

Algumas pessoas riram – mas outras não. Eu via que elas não acreditavam em nenhuma palavra do que eu dizia.

— Nunca entrareis no Reino dos Céus estando angustiados. Se hoje o vosso dia foi difícil, por que se lamentar por isso? Sentir-vos-eis melhor se reclamardes a respeito? As vossas lágrimas farão o vosso dia mais feliz? E se se angustiam pelo vosso amanhã, estais a carregá-lo de penúrias e fadigas antes mesmo que ele chegue... Porque o fazeis então?

Que bem é que isso vos fará? Quando é que a ansiedade realizou alguma coisa para si?

Como se pudesse tornar-se num homem mais alto por estar angustiado de ser muito Baixo!

Não, não se fixem naquilo que não possuem. Permaneçam nas coisas que podem ser vossas, e voltando-se para o “Pai” que está em vós, se pedirem com perfeita fé, acreditando que recebereis – e eu digo sem medo de contradição, que recebereis. Mas deveis pedir adequadamente – acreditando. Nada recebereis se ao pedirdes questionardes se o pedido teria sido ouvido ou se o “Pai” estaria com vontade de dar aquilo que desejais.

Essa é a forma humana de dar, mas não é a forma do “Pai” que dá abundantemente e responde às vossas necessidades.

O “Pai” derrama sempre as Suas bênçãos sobre vós, a dádiva do alimento abundante, do vestuário, da habitação, dos amigos, sempre que estejam com a mente e o coração limpos e contanto que confiem continuamente no “Pai” como vosso apoio de todos os momentos.

Se rezam e não recebem, não pensem, nem por um instante sequer, que não existe “Pai”, ou que o “Pai” não vos escuta. Ao invés disso devem perguntar-se o que existe em vós que está a impedir que a OBRA AMOROSA do “Pai” seja feita em vós e para vós.

Se ides ao altar para rezar ou fazer uma oferta e, no caminho, vos lembrais de terdes brigado com alguém, retornem e vão até essa pessoa e façam as pazes com ela. Então, quando abordarem o “Pai” em oração, estareis com a mente pura e limpa e sereis ouvidos pelo “Pai” e o “Pai” poderá responder dando aquilo que precisais, na paz e quietude do vosso ser.

Se ainda não acreditam que o “Pai” cuida de sua criação, olhem ao seu redor para as radiantes flores nos campos. Como são lindas! Considerem o pensamento brilhante de quem desenhou a sua forma, a sua beleza! Onde encontraríeis as cores que vedes nas suas pétalas? Com toda a sua sabedoria, o próprio Salomão não foi capaz de ter roupas tão bonitas feitas para ele. Vejam o modo como as flores atraem as abelhas e as abelhas ajudam a carregar as sementes da próxima estação, para tornar o vosso mundo maravilhoso e produzir alimento. Por que não podeis acreditar e confiar no “Pai” quando o mundo ao vosso redor foi planeado, desenhado e cuidado de uma forma tão maravilhosa?

Mas lembrem-se – estas plantas e árvores, ao contrário da humanidade, não podem queixar-se da sua sorte, nem sentirem-se famintas ou despidas e assim não “anulam” o trabalho que o “Pai” nelas realiza. Sois vós, com as vossas contínuas queixas e palavras a respeito do que vos falta, a vossa agressão contra os demais, a vossa insistência em querer retaliar, as vossas críticas e calúnias, que produzem em consequência a vossa carência – e as vossas Enfermidades – de forma consistente, dia após dia.

Eu disse estas coisas para preparar aqueles de vós que estão doentes, para os curar.

Não podem ficar curados a não ser que acreditem, com todo o coração, que a cura acontecerá. Lembrem-se de que a doença corporal surge da doença da mente, tal como o mau humor, o rancor, a raiva e o ódio. O “Pai Amor” é a fonte de toda a saúde.

Consequentemente, todos os pensamentos e sentimentos contrários ao “Pai Amor” produzem doenças. Assim como todos os vossos males e doenças começam na mente – assim também o vosso bem.

Cuidem do vizinho como de vós mesmos. Abençoem o vosso vizinho quando surgir alguma disputa, rezem por ele quando ele for duro convosco, ajudem-no de qualquer maneira que puderem e a qualquer momento, mesmo que ele vos vire o rosto, porque então estareis a construir o bem nas vossas mentes e pensamentos e boa será a colheita das vossas semeaduras. E, ainda mais, estareis a harmonizar as vossas mentes e a colocá-las em sintonia com o “Pai” que está em vós, que é o “Amor Perfeito”. Nestas condições o “Pai” pode fazer o seu perfeito TRABALHO AMOROSO em vós. 

Quando terminei de falar, as pessoas traziam-me os seus enfermos e, de acordo com a sua fé, eles foram curados.

***

A CARTA 3 descreve mais em detalhes os ensinamentos de Cristo e explica os eventos que levaram à sua crucificação e morte. Ele descreve em termos comoventes a sua última Ceia com os discípulos, quando se viu sozinho em espírito, porque os seus discípulos recusaram-se a acreditar, até ao último momento, que ele seria crucificado. Repetidamente ele foi mal interpretado, e percebeu mais uma vez que pouco havia conseguido ensinar a qualquer pessoa durante os seus três anos de trabalho missionário. Ele estava feliz por ir embora!

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