Ansiedade no domínio do espírito, de certo modo, assemelha-se ao defeito de instalação no engenho eléctrico, que provoca curto-circuito.
Imprevidência que atrai desastre. Consumo desnecessário de energia que impede a função oportuna da máquina.
E não é só. Quanto desgaste inútil em forma de doença, a revelar-se através de obscuros desequilíbrios no corpo e na alma?
Ansiedade não é esperança, porque a esperança é paciência operosa, a trabalhar pela realização daquilo que espera. Expectação aflitiva é tensão destruidora, a criar obstáculo no construtivismo da acção.
A vida não avança e não melhora, nem com inércia, nem com inquietação. Se dificuldades atravessam a estrada, apoie-se na confiança.
Os Poderes Maiores que garantem os movimentos da Terra, no espaço cósmico, tanto quanto asseguram a existência da clorofila no talo de erva no vale, zelam por você.
Não tema senão a si mesmo, nos pontos vulneráveis de nossas íntimas fraquezas.
Conserve o destemor na consciência pacificada.
A nuvem que estrondeia nos céus não é senão chuva que fertiliza a secura da gleba e electricidade que purifica a corrupção do ar.
As dores costumam ser os mais preciosos avisos da natureza.
As provações quase sempre constituem recursos de elevação que talvez jamais recebêssemos sem elas.
Detenhamos a certeza de que opressão não é factor que ajude a resolver problema algum. Ao revés, agrava as menores necessidades de paz, transformando a insignificância de um sintoma no drama da agonia.
Usemos em nós o conhecimento superior na edificação da tranquilidade.
Recordemos as longas fileiras dos fronteiriços da loucura e da obsessão que os processos da angústia desnecessária tangem no rumo dos manicómios.
Lembremo-nos dos milhares de irmãos que a ansiedade escraviza nos tranquilizantes anulando-lhes, não raro, as forças com substâncias tóxicas de que não precisam.
Ouçamos as palavras do Cristo, quando nos adverte, claramente: "não estejais inquietos pelo dia de amanhã, porquanto o amanhã cuidará de si. A cada dia basta o seu trabalho."
(Waldo Vieira por Kelvin Van Dine. In: Técnica de Viver)
segunda-feira, fevereiro 06, 2006
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