"Jesus disse-lhe: Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete." (Mateus, 18:22.)
Atende ao dever da desculpa infatigável diante de todas as vítimas do mal para que a vitória do bem não se faça tardia.
Decerto que o mal contará com os empreiteiros que a lei do Senhor julgará no momento oportuno, entretanto, na nossa feição de criaturas igualmente imperfeitas, susceptíveis de lhe acolher a influência, vale perdoar sem condição e sem preço, para que o poder de semelhantes intérpretes da sombra se reduza até à integral extinção.
Recorda que acima da crueldade encontramos, junto de nós, a ignorância e o infortúnio que nos cabe socorrer cada dia.
Quem poderá, com os olhos do corpo físico, medir a extensão da treva sobre as mãos que se envolvem no espinheiral do crime?
Quem, na sombra terrestre, distinguirá toda a percentagem de dor e necessidade que produz o desespero e a revolta?
Dispõe-te a desculpar hoje, infinitamente, para que amanhã sejas também desculpado.
Observa o quadro em que respiras e reconhecerás que a natureza é pródiga de lições no capítulo da bondade.
O sol releva, generoso, o monturo que o injuria, convertendo-o sem alarde em recurso fertilizante.
O odor miasmático do pântano, para aquele que entende as angústias da gleba, não será mensagem de podridão mas sim rogativa comovente, para que se lhe dê a bênção do reajuste, de modo a transformar-se em terra produtiva.
Tudo na vida roga entendimento e caridade para que a caridade e o entendimento nos orientem as horas.
Não olvides que a própria noite na Terra é uma pausa de esquecimento para que aprendamos a ciência do recomeço, em cada nova alvorada.
"Faz a outrem, aquilo que desejas te seja feito" – advertiu-nos o Amigo Excelso.
E somente na desculpa incessante de nossas faltas recíprocas, com o amparo do silêncio e com a força da humildade, é que atingiremos, com passo definitivo, o reino do eterno bem com a ausência de todo mal.
In: “CEIFA DE LUZ” (Francisco Cândido Xavier/Emmanuel)
terça-feira, janeiro 17, 2006
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