As Crianças
Por: Mauro Kwitko
Nós, reencarnacionistas, devemos enxergar as nossas crianças, os nossos filhos e os filhos dos outros, sob o ponto de vista reencarnacionista e não baseados nos rótulos ilusórios das “cascas”.
Com a prevalência no nosso planeta, por enquanto, de uma Psicologia não reencarnacionista que nos enxerga a partir da infância, que equivocadamente chama de "o início da vida”, e com o engano das ilusões dos rótulos, os nossos filhos são considerados "nossos filhos".
Quem está realmente atento ao facto de que são Espíritos que estão retornando? E que vêm com uma história muito antiga de vivências e experiências? E quantos aqui chegam e são abortados, rejeitados, abandonados, maltratados; quantos vivem situações de abuso físico, abuso sexual, falta de estudo, falta de um verdadeiro lar...
Tenho certo conhecimento a respeito das leis do Karma, sobre os resgates, sobre a oportunidade que certas condições traumáticas do início desta vida representam para o aprendizado de antigas lições e sei que muitas vezes necessitamos passar por carências e traumas, que visam servir de estímulo para o nosso crescimento e evolução de consciência e para a ampliação da nossa capacidade de amar.
Mas penso que se nos lembrássemos vivamente que naquele corpinho de bebé, de criança, existe um Espírito que está a retornar, cheio de esperança, ansioso por esta nova oportunidade, que está voltando para cá, indefeso, frágil e extremamente vulnerável, característica do filhote do homem, ou então com medo desta nova experiência e, às vezes, até relutante, teríamos muito mais cuidado e preocupação com o que fazemos, ou não fazemos, com eles.
Sonho com o dia em que a humanidade atingirá um estágio maior de sabedoria e, através do conhecimento do Caminho evolutivo do Espírito, saberá que estamos todos em busca de crescimento, de expansão, rumo à Perfeição.
E nesse dia, a Terra deixará de ser um "campo de testes e de provas" e atingirá um grau mais elevado, o que pode ocorrer ainda neste século.
Devemos todos empenhar-nos no projecto de evolução da humanidade e, para isso, é fundamental que passemos a enxergar os Espíritos recém-chegados ("crianças") como alunos que entram numa Escola, e nós, que estamos aqui há mais tempo, devemos actuar como seus professores, orientadores.
Mas, para isso, é necessário que realizemos primeiramente em nós um profundo trabalho de crescimento e desenvolvimento, que atinja a nossa sociedade como um todo, nos seus valores morais, sociais e culturais, para que possamos enxergar igualmente os “nossos” filhos e os filhos dos outros, as crianças ricas e as pobres, os nascidos no nosso país ou nos outros, os de "casca" branca, preta ou amarela.
Quando conseguirmos vislumbrar Espíritos encaixados dentro desses pequeninos invólucros, escondidos sob tantos rótulos ilusórios, poderemos ser seus instrutores espirituais aqui no planeta.
Como somos egoístas! Mesmo nós, vestidos de espiritualistas, de evoluídos, de sábios, como tendemos a pensar que a responsabilidade é das autoridades, é dos outros, que não somos culpados de nada, que em nada colaboramos para que exista e se perpetue esta miséria, esta injustiça cometida contra esses pequenos corpinhos que perambulam pelas ruas, nos cruzamentos, que nos chamam de tio, de tia, e aos quais, de vez em quando, magnanimamente, oferecemos algumas moedas ou uma bala, um pirulito, ou um brinquedo que o nosso filho, limpinho e perfumado, bem cuidado e alimentado, não quer mais...
Como somos hipócritas! Fingimos acreditar que não temos tempo para nos juntarmos e acabarmos com este nosso atestado de pobreza espiritual, nossa tacanhice moral.
Fazemos discursos em frente à televisão, indignando-nos com os políticos, com as notícias, criticando os "culpados", estatelados no sofá, ao som dos jogos dos computadores e dos videogames dos "nossos" filhos, sofrendo pelos que não são nossos, são dos outros, num contraste que evidencia claramente os responsáveis por tudo isso: todos nós.
Mas isto vai melhorar, claro que com o decorrer dos decénios, mas vai mudar, eu tenho certeza! Um dia, o "Reino dos Céus" estará aqui, e nesse dia, estaremos a dedicar-nos prioritariamente aos outros, à saúde e ao conhecimento, e não mais, como hoje, preferencialmente a nós mesmos e aos nossos, ao superficial e ao temporário.
A cura da humanidade é a cura do egoísmo e da ignorância de cada um de nós.
Mauro Kwitko é Médico, Psicoterapeuta e Presidente da Sociedade de Psicoterapia Reencarnacionista. (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil)
domingo, outubro 16, 2005
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