V
A VIDA ESPIRITUAL
A Direcção Superior do mundo
terreno, habitado por uma multidão de mais de dois biliões de almas encarnadas,
está nestes tempos de fim de século, a procurar encaminhar essas almas para o
seu verdadeiro destino que é a sua iluminação espiritual. Para conseguir tão
importante objectivo, a Direcção Superior enviou à Terra uma luminosa selecção
de Entidades integradas no supremo bem que constitui a finalidade primordial das
suas encarnações. Estas Entidades trabalham com verdadeiro devotamento durante
as vinte e quatro horas do dia, visto que, não havendo tempo a perder, é
necessário introduzir no coração dos Espíritos encarnados, aquela mesma ideia
que no Alto lhes fora apresentada ao partirem para a Terra, porém, aqui
lamentavelmente esquecida. Foi por este motivo que a Direcção Superior do
planeta deliberou interferir junto a todos os homens e mulheres enquanto não
chegam certos acontecimentos que para cá se encaminham, conforme já estais
informados através de outros mensageiros de Jesus.
A minha presença agora entre
vós representa a participação do meu Espírito nesta grandiosa tarefa de
salvamento, acorrendo eu, então, com o meu barquinho, que é o meu conselho, a
tentar recolher o maior número possível na hora do naufrágio iminente. Somando
assim o meu conselho sincero e amigo a quantos me antecederam, eu desejo
prestar ao meu Divino Mestre e Senhor toda a minha colaboração na sua grandiosa
Cruzada de Esclarecimento difundida por todo o planeta.
Este nosso trabalho tem muito
de semelhante à tarefa do pescador que lança ao mar as suas redes na esperança
de as retirar pejadas de peixes, acontecendo não raro ter despendido seus
esforços em vão. Há contudo uma grande diferença entre a finalidade da tarefa
do pescador de peixes e a do pescador de almas. É que, enquanto o primeiro objectiva
alcançar os peixes para utilizar os seus corpos, o pescador de almas empresta
ao corpo o nenhum interesse que este possui, para alcançar primordialmente a
alma e encaminhá-la para Deus por intermédio de Jesus. Assim procedendo, eu
venho de muito alto em cumprimento de luminosa tarefa, junto aos meus estimados
irmãos que ainda perlustram os caminhos terrenos, de onde me afastei há mais de
quatro séculos após cumprir quanto se fazia necessário à minha evolução
espiritual.
Lançado que foi, entretanto,
pelo meu Divino Mestre Jesus, o convite a quantos desejassem colaborar nesta
grandiosa Cruzada, eu senti-me imediatamente tocado no íntimo do meu coração e
fui pedir ao Senhor as necessárias instruções para colaborar.
Nosso Divino Mestre apenas me contemplou com seu magnífico olhar,
apressou-se em me dizer:
“Almirante,
reúne os teus sábios argumentos; mune-te de larga dose de paciência; leva
contigo esse largo cabedal de experiência adquirida em milénios de vidas terrenas, e vai, vai secundar o trabalho de
milhares de luminosos mensageiros meus que percorrem a face da Terra, a
despertar a todos os meus queridos
governados para sua próxima salvação. Vai, pois, com as bênçãos do Pai
Celestial, e a certeza de que estarei ao teu lado sempre que necessitares de
mim, no desempenho da tua grande tarefa.”
E eu parti então para a Terra
e aqui estou para vos dizer, filhos meus, que a vida terrena vale apenas pela
luz que possa adquirir cada um nas suas numerosas encarnações, não passando os
bens e a fortuna reunida ao longo da jornada, de mera ilusão do Espírito. A
este só aproveitam as boas acções que puder praticar, seja ajudando aos que
puder ajudar, seja propagando a fé e a esperança no coração dos seus
semelhantes: fé na vida que aguarda a todos no seu regresso matemático ao mundo
espiritual, e a esperança numa vida feliz se souber cumprir os seus deveres
espirituais enquanto encarnado.
Gostaria que compreendêsseis,
todos vós que me ledes, que a obtenção da necessária autorização do Senhor para
uma reencarnação na Terra é coisa mil vezes mais difícil do que vos possa
parecer. Tal autorização depende de um sem número de factores, entre eles o
exame minucioso dos actos praticados na última vida terrena do pretendente a
nova reencarnação. Nesse exame são pesadas e medidas todas as atitudes, todos
os procedimentos, todos os pensamentos registados fielmente no Alto, de cujas
conclusões as Forças do Bem serão chamadas a deliberar pró ou contra a
pretensão em causa, isto porque milhares de milhares de outros Espíritos,
necessitados de evolução, também pretendem reencarnar num mundo em que os
nascimentos passaram a constituir problema para muitos e muitos lares.
Dizendo-vos o que aí fica,
desejo apenas apresentar-vos uma face do problema que também existe no Alto
para conceder-se autorização para novos mergulhos na carne, conforme vos falou
nosso bom Irmão Thomé, e isto para que trateis de aproveitar a encarnação actual
para a vossa maior iluminação. Bem sei que as minhas palavras hão-de receber
uma provável contestação por parte de quem se empenhe em manter na completa
ignorância das coisas e condições da vida espiritual ao maior número de irmãos
encarnados, por motivos que fogem completamente à minha apreciação. Isso, entretanto,
não modifica de maneira alguma as leis divinas que regem a vida em todos os
planos do Universo, e esses mesmos que o fizerem acabarão por se convencer
também quando o seu momento chegar de deixarem a Terra.
Deveis analisar quanto se vos
apresente em relação com a vida espiritual, para aceitar somente aquilo que o vosso
Espírito puder compreender e assimilar. E não vos esqueçais de que,
encontrando-se na Terra pelo menos três categorias de Espíritos, segundo o grau
evolutivo que alcançaram, pode dar-se que a esperteza ou a habilidade de
alguns tente manter subordinados aos seus interesses pessoais quantos
preferirem deixar-se conduzir por eles, em vez de meditar seriamente na
grandeza da Misericórdia Divina que a todos assiste e dirige para Deus. A prova
disto aí está na série de conselhos trazidos à Terra por aquele luminoso
emissário de Jesus, nosso querido Irmão Thomé, seguidos da palavra de outros
enviados do Senhor como este que vos fala, e dos que me precedem e sucederão na
confecção deste volume.
A vida espiritual é uma vida
simples e feliz para quantos houverem conseguido engrinaldar o Espírito com as
flores perfumadas das suas boas acções em cada uma das suas vidas terrenas que
são muitas, muitíssimas, através dos milénios. Em face desse tipo de vida,
filhos meus, o vosso viver presente nada mais representa do que a luta
prolongada entre o Bem e o Mal, de cuja vitória ou derrota surgirá o grau da
vossa felicidade futura.
A minha vinda até vós, repito,
encerra o meu grande, imenso desejo de poder contribuir para que possais
voltar-vos já e já para o objectivo que vos conduziu à Terra, para uma
encarnação que muito vos custou a conseguir. E se, após vencerdes como efectivamente
vencestes todos os óbices para virdes, olvidardes por completo o vosso grande
objectivo que é a vossa iluminação espiritual, isto não será apenas para
lamentar porque será mais para deplorar, porque outra vinda à Terra talvez não
seja possível nos próximos dois milénios, quando este pequeno mundo deverá
ascender à categoria dos mundos iluminados pela luz dos seus felizes
habitantes.
E se vós não conseguirdes o
grau de iluminação que vos comprometestes a alcançar quando descestes a Terra,
como podereis participar de uma civilização que se aproxima, à qual incumbirá,
ela própria, iluminar o planeta?
Para que ainda possais
recuperar os decénios perdidos — falo àqueles que os perderam, evidentemente —
eu quero introduzir no vosso coração espiritual a recordação do vosso
compromisso assumido no Alto, e dizer-vos que nada está perdido enquanto o
barco continua a navegar. Sendo passageiros do barco terreno, despertai
imediatamente para o sentido da vossa verdadeira felicidade, e voltai-vos para
o Divino Salvador, de quem me orgulho de ser também humilde barqueiro pronto a
receber-vos no meu barco se necessário for.
Fala-vos desta maneira sincera
e franca um vosso irmão que muito lutou também na Terra em tempos idos, quando
se chamou
PEDRO ÁLVARES CABRAL
Not.
biogr.: Pedro Álvares Cabral — 1467/68-1526 — Navegador português,
descobridor do Brasil no ano de 1500. Tendo sido designado por El-Rei D. Manoel
de Portugal para comandar a primeira expedição à Índia logo após o regresso de
Vasco da Gama, Cabral organizou uma armada da qual faziam parte, como
comandantes de outros navios, figuras de grande destaque na marinha portuguesa,
tendo levantado ferros do Tejo no dia 9 de Março do ano de 1500. Cinco dias
após, a armada de Cabral avistava as ilhas Canárias, e a 22 desse mês alcançava
o arquipélago de Cabo Verde onde as suas naus se defrontaram com forte
tormenta, tendo várias delas sofrido grandes avarias.
O
grande navegador agasalhava no seu coração a ideia concebida no Alto, perante o
Senhor Jesus, de descobrir para o mundo a enorme extensão territorial banhada
pelo Oceano Atlântico e por ele visitada em Espírito, e nessa intenção ordenou
aos seus navios, que, a pretexto de se livrarem das tormentas da costa
africana, guinassem sempre sobre a banda do sudoeste. Do rumo assim seguido
pela armada de Cabral, resultou o descobrimento deste formoso país, tendo
fundeado seus navios na baía de Santa Cruz, no Estado da Bahia, no dia 3 de
Maio de 1500, local que o grande navegador considerou um porto seguro para
ancorar.
Ao
completar a descoberta do território brasileiro, Pedro Álvares Cabral cumpriu a
importante missão que lhe fora confiada pelo Senhor Jesus com o objectivo de
dar novos mundos ao mundo. O descobrimento do Brasil por este grande navegador
havia sido planificado no Alto sob as vistas do Senhor, desejoso de transplantar
para este país a semente do Evangelho. Como passo inicial nesse sentido,
verificou-se a fundação da famosa Escola de Sagres, pelo infante D. Henrique,
da qual saíram os maiores navegadores portugueses dentre eles Vasco da Gama,
Pedro Álvares Cabral, Afonso de Albuquerque e muitos outros.
Feita
a feliz descoberta da terra brasileira, Cabral enviou um dos seus comandantes a
Lisboa, para levar a grande notícia a El-Rei D. Manoel, retomando então a sua
rota no caminho da Índia, durante a qual várias de suas naus soçobraram nas
alturas do Cabo da Boa Esperança, chegando a Quiloa, na África Oriental, de
onde a sua boa estrela o fez escapar a tempo de uma traição do Ibrahim,
dirigindo-se a Melinde, e depois a Calicut, onde teve de usar de energia para
repelir a gentalha açulada pelo Samorim no seu ódio contra os portugueses. Daí
prosseguiu até Cochim, rico principado indiano na costa de Malabar, de onde
regressou a Portugal pela única via marítima de então: Cabo da Boa Esperança,
ilhas de Cabo Verde e Açores, ancorando em Lisboa no dia 23 de Junho de 1501,
aí sendo recebido festivamente por El-Rei D. Manoel.
Pedro
Álvares Cabral desencarnou em 1526 em Lisboa, sendo sepultado em Santarém, na
capela do Senhor da Vida. Foi o erudito historiador brasileiro Varnhagen,
visconde de Porto Seguro, quem encontrou a sepultura do descobridor do Brasil,
da qual não havia memória escrita ou tradicional. Diz Varnhagen tratar-se de
uma sepultura rasa com uma lousa simples de treze palmos de comprido, e a
seguinte inscrição:
“Aqui
jaz Pedro Alvares Cabral E Dona Izabel De Castro, Sua Molher, Cuja Hé Esta
Capella, Hé de todos Seus Herdeyros. Aquall Depois da Morte de Seu Marydo Foi
Camareyra Mór Da Infanta Marya Fylha de El-Rey Dõ João Noso Señor Hu Terceyro
Deste Nome”.
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