domingo, outubro 23, 2016

V

A VIDA ESPIRITUAL

A Direcção Superior do mundo terreno, habitado por uma multidão de mais de dois biliões de almas encarnadas, está nestes tempos de fim de século, a procurar encaminhar essas almas para o seu verdadeiro destino que é a sua iluminação espiritual. Para conseguir tão importante objectivo, a Direcção Superior enviou à Terra uma luminosa selecção de Entidades integradas no supremo bem que constitui a finalidade primordial das suas encarnações. Estas Entidades trabalham com verdadeiro devotamento durante as vinte e quatro horas do dia, visto que, não havendo tempo a perder, é necessário introduzir no coração dos Espíritos encarnados, aquela mesma ideia que no Alto lhes fora apresentada ao partirem para a Terra, porém, aqui lamentavelmente esquecida. Foi por este motivo que a Direcção Superior do planeta deliberou interferir junto a todos os homens e mulheres enquanto não chegam certos acontecimentos que para cá se encaminham, conforme já estais informados através de outros mensageiros de Jesus.

A minha presença agora entre vós representa a participação do meu Espírito nesta grandiosa tarefa de salvamento, acorrendo eu, então, com o meu barquinho, que é o meu conselho, a tentar recolher o maior número possível na hora do naufrágio iminente. Somando assim o meu conselho sincero e amigo a quantos me antecederam, eu desejo prestar ao meu Divino Mestre e Senhor toda a minha colaboração na sua grandiosa Cruzada de Esclarecimento difundida por todo o planeta.

Este nosso trabalho tem muito de semelhante à tarefa do pescador que lança ao mar as suas redes na esperança de as retirar pejadas de peixes, acontecendo não raro ter despendido seus esforços em vão. Há contudo uma grande diferença entre a finalidade da tarefa do pescador de peixes e a do pescador de almas. É que, enquanto o primeiro objectiva alcançar os peixes para utilizar os seus corpos, o pescador de almas empresta ao corpo o nenhum interesse que este possui, para alcançar primordialmente a alma e encaminhá-la para Deus por intermédio de Jesus. Assim procedendo, eu venho de muito alto em cumprimento de luminosa tarefa, junto aos meus estimados irmãos que ainda perlustram os caminhos terrenos, de onde me afastei há mais de quatro séculos após cumprir quanto se fazia necessário à minha evolução espiritual.

Lançado que foi, entretanto, pelo meu Divino Mestre Jesus, o convite a quantos desejassem colaborar nesta grandiosa Cruzada, eu senti-me imediatamente tocado no íntimo do meu coração e fui pedir ao Senhor as necessárias instruções para colaborar.

Nosso Divino Mestre apenas me contemplou com seu magnífico olhar, apressou-se em me dizer:

“Almirante, reúne os teus sábios argumentos; mune-te de larga dose de paciência; leva contigo esse largo cabedal de experiência adquirida em milénios de vidas terrenas, e vai, vai secundar o trabalho de milhares de luminosos mensageiros meus que percorrem a face da Terra, a despertar a todos os meus queridos governados para sua próxima salvação. Vai, pois, com as bênçãos do Pai Celestial, e a certeza de que estarei ao teu lado sempre que necessitares de mim, no desempenho da tua grande tarefa.”

E eu parti então para a Terra e aqui estou para vos dizer, filhos meus, que a vida terrena vale apenas pela luz que possa adquirir cada um nas suas numerosas encarnações, não passando os bens e a fortuna reunida ao longo da jornada, de mera ilusão do Espírito. A este só aproveitam as boas acções que puder praticar, seja ajudando aos que puder ajudar, seja propagando a fé e a esperança no coração dos seus semelhantes: fé na vida que aguarda a todos no seu regresso matemático ao mundo espiritual, e a esperança numa vida feliz se souber cumprir os seus deveres espirituais enquanto encarnado.

Gostaria que compreendêsseis, todos vós que me ledes, que a obtenção da necessária autorização do Senhor para uma reencarnação na Terra é coisa mil vezes mais difícil do que vos possa parecer. Tal autorização depende de um sem número de factores, entre eles o exame minucioso dos actos praticados na última vida terrena do pretendente a nova reencarnação. Nesse exame são pesadas e medidas todas as atitudes, todos os procedimentos, todos os pensamentos registados fielmente no Alto, de cujas conclusões as Forças do Bem serão chamadas a deliberar pró ou contra a pretensão em causa, isto porque milhares de milhares de outros Espíritos, necessitados de evolução, também pretendem reencarnar num mundo em que os nascimentos passaram a constituir problema para muitos e muitos lares.

Dizendo-vos o que aí fica, desejo apenas apresentar-vos uma face do problema que também existe no Alto para conceder-se autorização para novos mergulhos na carne, conforme vos falou nosso bom Irmão Thomé, e isto para que trateis de aproveitar a encarnação actual para a vossa maior iluminação. Bem sei que as minhas palavras hão-de receber uma provável contestação por parte de quem se empenhe em manter na completa ignorância das coisas e condições da vida espiritual ao maior número de irmãos encarnados, por motivos que fogem completamente à minha apreciação. Isso, entretanto, não modifica de maneira alguma as leis divinas que regem a vida em todos os planos do Universo, e esses mesmos que o fizerem acabarão por se convencer também quando o seu momento chegar de deixarem a Terra.

Deveis analisar quanto se vos apresente em relação com a vida espiritual, para aceitar somente aquilo que o vosso Espírito puder compreender e assimilar. E não vos esqueçais de que, encontrando-se na Terra pelo menos três categorias de Espíritos, segundo o grau evolutivo que alcançaram, pode dar-se que a esperteza ou a habilidade de alguns tente manter subordinados aos seus interesses pessoais quantos preferirem deixar-se conduzir por eles, em vez de meditar seriamente na grandeza da Misericórdia Divina que a todos assiste e dirige para Deus. A prova disto aí está na série de conselhos trazidos à Terra por aquele luminoso emissário de Jesus, nosso querido Irmão Thomé, seguidos da palavra de outros enviados do Senhor como este que vos fala, e dos que me precedem e sucederão na confecção deste volume.

A vida espiritual é uma vida simples e feliz para quantos houverem conseguido engrinaldar o Espírito com as flores perfumadas das suas boas acções em cada uma das suas vidas terrenas que são muitas, muitíssimas, através dos milénios. Em face desse tipo de vida, filhos meus, o vosso viver presente nada mais representa do que a luta prolongada entre o Bem e o Mal, de cuja vitória ou derrota surgirá o grau da vossa felicidade futura.

A minha vinda até vós, repito, encerra o meu grande, imenso desejo de poder contribuir para que possais voltar-vos já e já para o objectivo que vos conduziu à Terra, para uma encarnação que muito vos custou a conseguir. E se, após vencerdes como efectivamente vencestes todos os óbices para virdes, olvidardes por completo o vosso grande objectivo que é a vossa iluminação espiritual, isto não será apenas para lamentar porque será mais para deplorar, porque outra vinda à Terra talvez não seja possível nos próximos dois milénios, quando este pequeno mundo deverá ascender à categoria dos mundos iluminados pela luz dos seus felizes habitantes.

E se vós não conseguirdes o grau de iluminação que vos comprometestes a alcançar quando descestes a Terra, como podereis participar de uma civilização que se aproxima, à qual incumbirá, ela própria, iluminar o planeta?

Para que ainda possais recuperar os decénios perdidos — falo àqueles que os perderam, evidentemente — eu quero introduzir no vosso coração espiritual a recordação do vosso compromisso assumido no Alto, e dizer-vos que nada está perdido enquanto o barco continua a navegar. Sendo passageiros do barco terreno, despertai imediatamente para o sentido da vossa verdadeira felicidade, e voltai-vos para o Divino Salvador, de quem me orgulho de ser também humilde barqueiro pronto a receber-vos no meu barco se necessário for.

Fala-vos desta maneira sincera e franca um vosso irmão que muito lutou também na Terra em tempos idos, quando se chamou

PEDRO ÁLVARES CABRAL

Not. biogr.: Pedro Álvares Cabral — 1467/68-1526 — Navegador português, descobridor do Brasil no ano de 1500. Tendo sido designado por El-Rei D. Manoel de Portugal para comandar a primeira expedição à Índia logo após o regresso de Vasco da Gama, Cabral organizou uma armada da qual faziam parte, como comandantes de outros navios, figuras de grande destaque na marinha portuguesa, tendo levantado ferros do Tejo no dia 9 de Março do ano de 1500. Cinco dias após, a armada de Cabral avistava as ilhas Canárias, e a 22 desse mês alcançava o arquipélago de Cabo Verde onde as suas naus se defrontaram com forte tormenta, tendo várias delas sofrido grandes avarias.

O grande navegador agasalhava no seu coração a ideia concebida no Alto, perante o Senhor Jesus, de descobrir para o mundo a enorme extensão territorial banhada pelo Oceano Atlântico e por ele visitada em Espírito, e nessa intenção ordenou aos seus navios, que, a pretexto de se livrarem das tormentas da costa africana, guinassem sempre sobre a banda do sudoeste. Do rumo assim seguido pela armada de Cabral, resultou o descobrimento deste formoso país, tendo fundeado seus navios na baía de Santa Cruz, no Estado da Bahia, no dia 3 de Maio de 1500, local que o grande navegador considerou um porto seguro para ancorar.

Ao completar a descoberta do território brasileiro, Pedro Álvares Cabral cumpriu a importante missão que lhe fora confiada pelo Senhor Jesus com o objectivo de dar novos mundos ao mundo. O descobrimento do Brasil por este grande navegador havia sido planificado no Alto sob as vistas do Senhor, desejoso de transplantar para este país a semente do Evangelho. Como passo inicial nesse sentido, verificou-se a fundação da famosa Escola de Sagres, pelo infante D. Henrique, da qual saíram os maiores navegadores portugueses dentre eles Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Afonso de Albuquerque e muitos outros.

Feita a feliz descoberta da terra brasileira, Cabral enviou um dos seus comandantes a Lisboa, para levar a grande notícia a El-Rei D. Manoel, retomando então a sua rota no caminho da Índia, durante a qual várias de suas naus soçobraram nas alturas do Cabo da Boa Esperança, chegando a Quiloa, na África Oriental, de onde a sua boa estrela o fez escapar a tempo de uma traição do Ibrahim, dirigindo-se a Melinde, e depois a Calicut, onde teve de usar de energia para repelir a gentalha açulada pelo Samorim no seu ódio contra os portugueses. Daí prosseguiu até Cochim, rico principado indiano na costa de Malabar, de onde regressou a Portugal pela única via marítima de então: Cabo da Boa Esperança, ilhas de Cabo Verde e Açores, ancorando em Lisboa no dia 23 de Junho de 1501, aí sendo recebido festivamente por El-Rei D. Manoel.

Pedro Álvares Cabral desencarnou em 1526 em Lisboa, sendo sepultado em Santarém, na capela do Senhor da Vida. Foi o erudito historiador brasileiro Varnhagen, visconde de Porto Seguro, quem encontrou a sepultura do descobridor do Brasil, da qual não havia memória escrita ou tradicional. Diz Varnhagen tratar-se de uma sepultura rasa com uma lousa simples de treze palmos de comprido, e a seguinte inscrição:

“Aqui jaz Pedro Alvares Cabral E Dona Izabel De Castro, Sua Molher, Cuja Hé Esta Capella, Hé de todos Seus Herdeyros. Aquall Depois da Morte de Seu Marydo Foi Camareyra Mór Da Infanta Marya Fylha de El-Rey Dõ João Noso Señor Hu Terceyro Deste Nome”.

 
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