Contam as lendas que a verdade foi enviada por Deus ao mundo na forma de um gigantesco espelho.
E quando o espelho estava a chegar sobre a face da terra, quebrou-se, partiu-se em inumeráveis pedaços que se espalharam por todos os lados.
As pessoas sabiam que a verdade era o espelho, mas não sabiam que ele se havia partido.
E por essa razão, as que encontravam um dos pedaços acreditavam que tinham nas mãos a verdade absoluta, quando na realidade possuíam apenas uma pequena parte.
E quem deterá a verdade absoluta?
A verdade absoluta só Deus a possui e a vai revelando ao homem na medida em que este esteja apto para a conhecer.
Assim é que os inventores, os cientistas, os pesquisadores, vão descobrindo em cada século novas verdades que se acumulam e fomentam o progresso da humanidade.
É como se fossem juntando os pedaços do grande espelho e conseguissem abranger uma parcela maior.
E, assim, a verdade é conquistada graças aos esforços dos homens e não por uma revelação bombástica sem proveito para quem a recebe.
Ademais, depois que a verdade é descoberta, ninguém pode encarcerá-la, nem guardá-la só para si.
Quem experimenta o sabor da verdade, não permanece mais o mesmo.
Toda uma evolução nele se opera e uma transformação radical e libertadora é inevitável.
Por vezes a nossa cegueira não nos deixa vê-la, mas ela está em toda a parte, latente, dentro e fora do mundo e é, muitas vezes, confundida com a ilusão.
Retida na consciência humana, é, a princípio, uma chispa que as forças do auto conhecimento e do auto aperfeiçoamento transformarão numa estrela fulgurante.
A verdade emancipa a alma e completa-a.
Infinita, vitaliza o microcosmo e expande-se nas galáxias.
Vibra na molécula, agiganta-se no espaço ilimitado, e encontra-se ao alcance de todos.
É perene e existe desde todos os tempos e sobreviverá ao fim das eras.
A verdade é Deus, e para a penetrar é necessário diluir-se em amor como os grãos de açúcar num cálice de água em movimento.
Só agora podemos compreender o motivo pelo qual Jesus se calou quando Pilatos Lhe perguntou:
- "O que é a verdade?"
A verdade é luz que se expande. Aquece sem queimar e vivifica sem produzir cansaço.
A meditação facilita-lhe o contacto, a oração aproxima o homem da sua matriz e a caridade propícia a vivência com ela.
A humildade abre a porta para que penetre no coração do homem, e a fé facilita-lhe a hospedagem nos sentimentos.
***
Baseado no capitulo ‘Verdade e Vida’, do livro “A um Passo da Imortalidade”.
quinta-feira, dezembro 01, 2011
A Reforma Íntima
Joanna de Ângelis
Quanto puderes, posterga a prática do mal até ao momento que possas vencer essa força doentia que te empurra para o abismo.
Provocado pela perversidade, que campeia a solta, age em silêncio, mediante a oração que te resguarda na tranquilidade.
Espicaçado pelos desejos inferiores, que grassam, estimulados pela onda crescente do erotismo e da vulgaridade, gasta as tuas energias excedentes na atividade fraternal.
Empurrado para o campeonato da competição, na área da violência, estuga o passo e reflexiona, assumindo a postura da resistência passiva.
Desconsiderado nos anseios nobres do teu sentimento, cultiva a paciência e aguarda a bênção do tempo que tudo vence.
Acoimado pela injustiça ou sitiado pela calúnia, prossegue no compromisso abraçado, sem desânimo, confiando no valor do bem.
Aturdido pela compulsão do desforço cruel, considera o teu agressor como infeliz amigo que se compraz na perturbação.
Desestimulado no lar, e sensibilizado por outros afetos, renova a paisagem familiar e tenta salvar a construção moral doméstica abalada.
É muito fácil desistir do esforço nobre, comprazer-se por um momento, tornar-se igual aos demais, nas suas manifestações inferiores.
Todavia, os estímulos e gozos de hoje, no campo das paixões desgovernadas, caracterizam-se pelo sabor dos temperos que se convertem em ácido e fel, a requeimarem por dentro, passados os primeiros momentos.
Ninguém foge aos desafios da vida, que são técnicas de avaliação moral para os candidatos à felicidade.
O homem revela sabedoria e prudência, no momento do exame, quando está convidado à demonstração das conquistas realizadas.
Parentes difíceis, amigos ingratos, companheiros inescrupulosos, co-idealistas insensíveis, conhecidos descuidados, não são acontecimentos fortuitos, no teu episódio reencarnacionista.
Cada um movimenta-se, no mundo, no campo onde as possibilidades melhores estão colocadas para o seu crescimento. Nem sempre se recebe o que se merece.
Antes, são propiciados os recursos para mais amplas e graves conquistas, que darão resultados mais valiosos.
Assim, aprende a controlar as tuas más inclinações e adia o teu momento infeliz.
Lograrás vencer a violência interior que te propele para o mal, se perseverares na luta.
Sempre que surja oportunidade, faz o bem, por mais insignificante que te pareça.
Gera o momento de ser útil e aproveita-o.
Não aguardes pelas realizações retumbantes, nem te detenhas esperando as horas de glorificação.
Para quem está honestamente interessado na reforma íntima, cada instante faculta-lhe conquistas que investe no futuro, lapidando-se e melhorando-se sem cansaço.
Toda a ascensão exige esforço, adaptação e sacrifício.
Toda a queda resulta em prejuízo, desencanto e recomeço.
Trabalha-te interiormente, vencendo limite e obstáculo, não considerando os terrenos vencidos, porém, fitando as paisagens ainda a percorrer.
A tua reforma íntima conceder-te-á a paz por que anelas e a felicidade que desejas.
Livro: “Vigilância” - Joanna de Ângelis / Divaldo P. Franco
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