Amigos:
Por: Áulus (1)
Nas nossas relações com o Senhor, com os nossos Semelhantes, com a Vida e com a Natureza, é importante lembrar que a nossa própria alma produz os modelos subtis que nos orientam as actividades de cada dia. Tanto quanto a segurança de um edifício corresponde ao projecto a que se subordina, o êxito ou o fracasso nos nossos menores empreendimentos correspondem à nossa atitude espiritual.
Sabemos em fotografia que o cliché é a imagem negativa obtida na câmara escura, do qual podemos extrair inumeráveis provas positivas. Assim também o pensamento é a matriz que compomos na intimidade do ser, com a qual é possível criar infinitas manifestações de nossa individualidade.
Mas a formação do cliché depende da película sensível que, no nosso caso, é o sentimento que antecede toda e qualquer elaboração de ordem mental. É imprescindível, então, melhorar sempre e cada vez mais as nossas aquisições de fraternidade, entendimento e simpatia.
A estrela é conhecida pela luz que desprende de si mesma. A presença da flor é denunciada pelo perfume que lhe é característico. A criatura é identificada pelas irradiações que projecta. Sorvemos ideias, assimilamos ideias e exteriorizamos ideias todos os dias.
É imperioso, assim, no nosso intercâmbio uns com os outros, observar os nossos estados sentimentais nas bases de nossas reflexões e raciocínios, como origens de nossa vitória ou de nossa derrota no campo de luta vulgar. Ilustrando o conceito despretensioso, evoquemos a natureza para simbolizar alguns de nossos sentimentos e clarear, tanto quanto possível, a lição que a experiência nos oferece.
O ódio é comparável à hiena, espalhando terror e morte. A inveja é semelhante à serpente que rasteja, emitindo raios de venenoso magnetismo. O ciúme parece um lobo famulento, estendendo aflição e desconfiança.
A agressividade assemelha-se ao ouriço, arremessando espinhos na direcção daqueles que lhe respiram a presença. O amor é comparável ao sol que aquece e ilumina. A compreensão copia a fonte amiga. A tolerância fraterna é qual árvore que serve e ajuda sempre. A gentileza é irmã da música construtiva, desdobrando consolações e mitigando o infortúnio. O sentimento elevado gera o pensamento elevado e o pensamento elevado garante a elevação da existência.
Sintamos bem, para bem reflectir, assegurando o bem na estrada que fomos convidados a percorrer. Em verdade, o pensamento é a causa da acção, mas o sentimento é o molde vibrátil em que o pensamento e a causa se formam.
Sentindo, modelamos a ideia. Pensando, criamos o destino.
Atendamos à higiene mental, entretanto não nos esqueçamos de que a casa, por mais brilhante e por mais limpa, não viverá feliz sem alimento. E a bondade é o pão das almas. Em razão disso, recomendou-nos o Divino Mestre, em sua lição imperecível: - «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.»
(1) Trata-se do benfeitor espiritual a que se refere André Luiz no seu livro: "Nos Domínios da Mediunidade". - Nota do organizador.
(Francisco Cândido Xavier por Áulus. In: Instruções Psicofónicas)