segunda-feira, março 27, 2006

IGUALDADE


O mal da igualdade é que a queremos somente com os nossos superiores. (H. Becque)

Cumpre-nos indagar o que buscamos quando lutamos pela igualdade. Certamente que somos todos iguais, na função directa da palavra, pois que somos todos filhos de Deus.

Somos todos iguais perante o Criador, mas nunca somos iguais quanto ao que se fala sobre a nossa posição espiritual. Cada criatura encontra-se em escala evolutiva diferente; portanto, respira de modo diferente, no que se relaciona à sua paz. Os portes espirituais são diversos, porque diversas são as suas dinâmicas de vida.

Nunca somos iguais no que aprendemos ou despertamos. Há sempre diferença no aprendizado e na aquisição das experiências. No fundo, somos todos idênticos, mas, na expressão de conhecimentos, temos diferenciações inúmeras, que nos colocam em posições diferentes uns dos outros. Temos uniformidade de princípios, mas não estabilidade semelhante. Essa é a grandeza da criação: é na desigualdade que encontramos quem nos ensina e quem aprende connosco; e nessa troca de experiências Deus opera, infundindo-nos o amor e a sabedoria imortal.

A uniformidade faz parte da harmonia que tanto desejamos; no entanto, nada no mundo tem uniformidade perfeita; há sempre diferenças, mesmo que sejam pequenas, e talvez seja isso que dá o encanto em toda a extensão do infinito; tudo o que nos parece ser igual, verdadeiramente não o é, assim como não existe na acepção da palavra a linha recta, pois, por mais recta que seja, ela evidencia sinuosidades.

Analisemos, pois por muito que pareçam, não são todas iguais; ao contrário, todas são diferentes umas das outras. Assim as árvores, as pedras, os animais, como e certamente os homens. Mesmo as palavras que pronunciamos, em qualquer faixa de vida, apresentam desigualdades; se por ventura pronunciarmos uma só palavra do berço ao túmulo, nunca falaremos duas delas iguaizinhas: há sempre modificações em toda a sua estrutura, da fonação da voz às vibrações do éter.

Importante lembrar que no campo das posições materiais nunca seremos também iguais; não obstante, queremos sempre ser iguais aos que têm muitas posses, e nunca nos igualar aos que nada possuem.

Trabalhar para igualar pode ser instigação da avareza, ou então, a subjugação da inveja. Porém, devemos esforçar-nos todos os dias para copiar as virtudes dos grandes personagens da História, lembrando sempre de conferir todas elas, com as que Jesus ensinou.

Trabalhemos para a conquista de todo o bem que possa haver, sem pretensão de nos igualar a alguém, por vaidade. Vamos ser o que somos, mas sempre nos esforçando para sermos melhores, sem menosprezarmos quem viaja connosco no caminho.

Cultivemos a obediência, porque sempre temos superiores para obedecer, e a humildade para ensinar, sem humilhar ninguém.

(De: "SABEDORIA - a lei de Deus no pensamento dos homens", de João Nunes Maia, pelo Espírito Maria Nunes)

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