sexta-feira, dezembro 16, 2005

MEMÓRIAS DE UM SUICIDA















Excerto de:

“Memórias de um Suicida”

Obra espiritual, recebida pelo dom da mediunidade, ditada por Camilo Castelo Branco do além-túmulo:

***

“… Chegáramos ao Manicómio. Uma religiosa recebeu-nos. Era Vicência de Guzman, a nobre irmã do nosso amigo da Vigilância.

Depois dos fraternais cumprimentos e apresenta­ções, Hortênsia recomendou-nos à irmã Vicência, a quem deu autorização para nos conduzir aos recintos interditados às visitas comuns, pois tratava-se, no caso vigen­te, das instruções programadas para os aprendizes uni­versitários, retirando-se de seguida.


Amável e delicada, a jovem religiosa que respondia pelo expediente, na au­sência de irmão João, levou-nos a um pátio de enormes dimensões, pitoresco e agradável, para o qual deitavam numerosas janelas, todas gradeadas, pertencentes a câ­maras secretas, ou melhor, a celas individuais onde se debatiam Espíritos de mulheres suicidas atacados do mais abominável género de demência que me foi dado observar durante o longo tempo que passei no além-túmulo.

Gritos desesperados, gemidos aterrorizantes in­vadiam o local de ondas trágicas, tornando-o repulsivo e agourento, como verdadeira morada de loucos! Mau grado o tempo que fazia do nosso ingresso na benfaze­ja Colónia, recordámo-nos do Vale Sinistro e admirámos profundamente ali ouvirmos o coro nefasto próprio daquelas paragens de trevas. Nada indagámos, no en­tretanto, certos de que as elucidações viriam a tempo.

Realmente, como que compreendendo nosso interes­se, a própria religiosa esclareceu a dúvida que nos assal­tara, ao mesmo tempo que nos fazia aproximar das janelas a fim de examinarmos o interior das ditas câ­maras, porquanto impossível seria ali penetrarmos por outra forma:


“— São as suicidas que apresentam maior grau de responsabilidade na prática do delito e que, por isso mesmo, arrastam o maior cabedal de prejuízos para o futuro, enfrentando através do tempo situações atrozes, que requisitarão períodos seculares a fim de serem mo­dificadas, completamente sanadas!

Estas infelizes, meus caros irmãos, deixaram-se escravizar por complexos si­nistros, os quais se desdobram em sequências tão desas­trosas que, moralmente, é como se se debatessem elas à semelhança de quem, naufragando no lodo, mais se re­volve em lama, aviltando-se para se libertar... Um traço destes pavorosos complexos é o vergonhoso motivo que as arrancou da existência terrena antes da época determinada pela acção da lei natural...

Muitas, além do mais, conspurcaram as leis do Matrimónio, atraiçoando a moral do compromisso conjugal, esquecidas de que, ao reencarnarem, haviam prometido à Lei, como a seus Guardiães, servirem de fiéis zeladoras do instituto sagrado da Família, educando os filhos nas leis do Dever e da Justiça, procurando torná-los cidadãos úteis à Pá­tria e à Humanidade e, portanto, à Causa Divina e à lei de Deus!

Pois bem! Com semelhantes compromissos a pesarem-lhes na consciência e à face da Suprema Lei, eis que, não só profanaram os vínculos santos do Ma­trimónio como também as leis da Criação, negando-se às funções da Maternidade e entregando-se às paixões e aos vícios terrenos, absorvidas que preferiram ficar pelo descaso no cumprimento de sacrossantos deveres, dominadas pelas vaidades letais próprias das esferas so­ciais viciadas e seguindo pelos caminhos da inferioridade moral!

Expulsavam das próprias entranhas, furtando-se aos compromissos meritórios e sublimes da Maternidade, os corpos em gestação, apropriados para habitação tem­porária de pobres Espíritos que tinham compromissos a desempenharem a seu lado como no seio da mesma família, os quais precisavam urgentemente renascer delas mesmas, a fim de progredirem no seu âmbito familiar e social, e tal crime praticavam, muitas vezes, anulando abençoados labores levados a efeito, nos planos espi­rituais, por obreiros devotados da Vinha do Senhor, os quais haviam preparado o sublime feito da reencarnação do Espírito carente de progresso, com todo o zelo para que o êxito compensasse os esforços, e, o que é mais grave ainda, depois que a entidade reencarnante já se encontrava ligada ao seu novo fardo em preparação, o que equivale dizer que, cientes do que faziam, come­tiam infanticídios abomináveis!

Acontece que, ao fim de tantos e tão graves desatinos à luz da Razão, da Consciência, do Dever, da Moral, como do pudor perti­nente ao estado feminino, deixaram prematuramente o corpo carnal, morrendo, elas próprias, para o mundo físico-material, num dos vergonhosos ultrajes cometidos contra os sagrados direitos da Natureza; outras, depois de luta ímproba e aviltante, durante a qual, à custa de criminosos deméritos, extinguindo em si mesmas as fon­tes sublimes da reprodutividade, próprias da condição humana, adquiriram, como sequência natural, enfermi­dades lastimáveis, tais como a tuberculose, o câncer, infecções repulsivas, etc., etc., que as fizeram prematuramente atingir o plano invisível, sacrificando com o corpo carnal também o futuro espiritual e a paz da consciência, maculando, além do mais, o envoltório fí­sico-astral — o perispírito — com estigmas degradantes, conforme podereis examinar... e rodeando-se de ondas vibratórias tão desarmoniosas e densas que o deforma­ram completamente, reduzindo-o à expressão vil das próprias mentes...”

Aproximamo-nos, temerosos do que contemplaría­mos, enquanto a irmã de Ramiro de Guzman acrescen­tava:

Pertencem a todas as classes sociais terrenas, mas aqui se nivelam por idêntica inferioridade moral e mental!


Das classes elevadas, porém, acorre o maior contingente, com agravantes insolúveis dentro de dois ou três séculos e até mais... pois que, infelizmente, meus irmãos, sou obrigada a declarar existirem algumas que, a fim de se libertarem das garras de tanto opró­brio, em menos tempo, estarão na terrível necessidade de estagiarem em mundos inferiores à Terra, durante algum tempo, pois que não é em vão que a criatura ousará impedir a marcha dos desígnios divinos, com a Lei Suprema abrindo tão inglória luta!...“

A um gesto da zelosa servidora investigamos o interior das celas, mas recuamos imediatamente, com involuntário gesto de horror.” Transcrevi!

***
Caríssimos:

Este enxerto é uma pequena parte de um capítulo final da Obra “Memórias de um Suicida”, de Camilo Castelo Branco – que se suicidou em 01 de Junho de 1890 –, ditada do além-túmulo. Como vedes, os ‘mortos’ falam…

Por ela podeis ver e quiçá sentir… quanto sofrimento passa quem fere a Lei de Deus, seja por se suicidar, seja por abortar… seja, ainda, por outro qualquer motivo.


Quem desejar receber esta Obra, através de ficheiro Word zipado, basta que ma solicite por E-mail, pois que… na Grande Fraternidade Crística vo-la ofereço.

Fraternalmente, sou,

Guerreiro da Luz

E-mail:
naluz@clix.pt

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