terça-feira, dezembro 06, 2005

EVANGELHO E DINAMISMO

DESDE os primórdios da organização religiosa no mundo, há quem estime a vida contemplativa absoluta por introdução imprescindível às alegrias celestiais.

Cristalizado em semelhante atitude, o crente demanda lugares ermos como se a solidão fosse sinónimo de santidade.

Poderá, contudo, o diamante fulgurar no mostruário da beleza, fugindo ao lapidário que lhe apura o valor?

Com o Cristo, não vemos a ideia de repouso improdutivo como preparação do Céu.

Não foge o Mestre ao contacto com a luta comum.

A Boa Nova no seu coração, no seu verbo e nos seus braços é essencialmente dinâmica.

Não se contenta em ser procurado para mitigar o sofrimento e socorrer a aflição.

Vai, Ele mesmo, ao encontro das necessidades alheias, sem alardear presunção.

Instrui a alma do povo, em pleno campo, dando a entender que todo lugar é sagrado para a Divina Manifestação.

Não adopta posição especial, a fim de receber os doentes e os impressionar.

Na praça pública, limpa os leprosos e restaura a visão dos cegos.

À beira do lago, entre pescadores, reergue paralíticos.

No meio da multidão, doutrina entidades da sombra, reequilibrando obsidiados e possessos.

Mateus, no capítulo nove, versículo trinta e cinco, informa que Jesus "percorria todas as cidades e aldeias, ensinando nos templos que encontrava, pregando o Evangelho do Reino e curando todas as enfermidades que assediavam o povo".

Em ocasião alguma o encontramos fora de acção.

Quando se dirige ao monte ou ao deserto, a fim de orar, não é a fuga que pretende e sim a renovação das energias para poder consagrar-se, mais intensamente, à actividade.

Certamente, para exaltar os méritos do Reino de Deus, não se revela pregoeiro barato da rua, mas afirma-se, invariavelmente, pronto a servir.

Atencioso, presta assistência à sogra de Pedro e visita, afectuosamente, a casa de Levi, o publicano, que lhe oferece um banquete.

Não impõe condições para o desempenho da missão de bondade que o retém ao lado das criaturas.

Não usa roupagens especiais para se entender com Maria de Magdala, nem se enclausura em preconceitos de religião ou de raça para deixar de atender aos doentes infelizes.

Seja onde for, sem subestimar os valores do Céu, ajuda, esclarece, ampara e salva.

Com o Evangelho, institui-se entre os homens o culto da verdadeira fraternidade.

O Poder Divino não permanece encerrado na simbologia dos templos de pedra.

Liberta-se.

Volta-se para a esfera pública.

Marcha ao encontro da necessidade e da ignorância, da dor e da miséria.

Abraça os desventurados e levanta os caídos.

Não mais a tirania de Baal, nem o favoritismo de Júpiter, mas Deus, o Pai, que, através de Jesus, o Cristo, inicia na Terra o serviço da fé renovadora e dinâmica que, sendo êxtase e confiança, é também compreensão e caridade para a ascensão do espírito humano à Luz Universal.

In Roteiro (Francisco Cândido Xavier/Emmanuel)

2 comentários:

Maria Lagos disse...

Este artigo está fantástico. Realmente acho que a espiritualidade adquire-se pelo "fazer", pelo "trilhar o caminho" e não no enclausuramento pois o trabalho aos nossos irmãos de caminhada e o limar das nossas próprias arestas só terão mérito se forem feitos no meio da multidão que nos cerca, na ajuda, no empenho, no crescimento espiritual do "fazer". A imobilidade em nome de Deus é qualquer coisa que muito me custaria aceitar.

A CAMINHO DA LUZ! disse...

Prezada Maria Lagos:

Muito obrigado por seu testemunho!

Efectivamente, qualquer candeia deve ser colocada em sítio que ilumine caminhos e nunca debaixo de mesa, ou de alqueire!

Infelizmente poucos são os que compreendem o sentido do que aqui faço, nesta doação Fraterna, a todos sem distinção.

Não posso nem devo julgar ninguém, pois... sabendo quem sou, de onde vim, porque vim e para onde vou, sei também que será cada um, de per si, a julgar-se a si mesmo. Adianto que não há pior Juiz contra nós, que nós mesmos!

Por isso, afirmo e garanto que o crime de omissão pura que certos credos estão a praticar contra a Humanidade, escondendo dela ou negando-lhe a Lei da REENCARNAÇÃO, causa-lhe efectivo DANO, atrasando a sua evolução espiritual em muitos séculos.

Porque assim tem sido, tal Humanidade, no que concerne a essa dita evolução espiritual, quase que vegeta desde o ano 325, ou seja, desde o século IV, quando se 'matou' o Espírito Santo, mandando para a fogueira milhares de Médiuns que, das Mãos do Pai receberam tal dom, olhando à Missão que os trouxe a este Plano físico-existencial.

Porém... "tudo será pago até ao último ceitil..."

Lamento sinceramente que continue a existir tanta fantasia e mentira... quando, na verdade, todos deviam já saber que, daqui...para o 'outro lado da Vida, para a verdadeira Pátria' apenas levam o que, por AMOR, fizerem ao outro... seu Irmão.

Amor que... infelizmente... muito arredado anda de certos corações, ditos religiosos!

Fique em Paz e na Luz!

Sou,

Guerreiro da Luz!
(Seu Irmão)